Comprar e vender ações pelo computador de casa virou hábito do passado
Com as novas tecnologias, já é possível investir de dentro do táxi e até do consultório do dentista
Yolanda Fordelone - AE
Todos os dias, às 10 horas da manhã, o empresário Fábio Toreta prepara-se para uma maratona diária. Até as 17 horas, ele fica ligado a toda a movimentação de preços que acontece na Bolsa de Valores de São Paulo e realiza, pelo menos, uma operação de compra ou de venda de ações. Ao contrário do que você pode ter pensado, ele não passa o dia sentado em frente a uma tela de computador, operando via home broker.Toreta utiliza um serviço adaptado para a negociação de ações por celular e computadores de mão, os smartphones e iPhones. Entre uma reunião e outra, o investidor acessa a cotação de seus investimentos. “Costumo deixar programada a ordem de compra ou venda da ação e quando saio de uma reunião, checo se a minha ordem foi executada”, diz. O investidor aproveita também para rever as ações que investiu e verificar se houve alguma mudança de tendência de preços.
A vida de Toreta e de milhares de investidores na Bolsa mudou no começo deste ano. “Pelo sistema antigo é praticamente impossível negociar ações por aparelhos móveis”, conta outro investidor, Davi Almeida, que aplica diretamente na Bolsa desde julho do ano passado e realiza cerca de 70 operações de compra e venda todos os meses. “As letras e os gráficos são pequenos demais e atrapalham qualquer tentativa”, completa.
“Compro e vendo ações pelo celular há um mês e ele não perde em nada para o home broker (sistema de negociação pelo computador) que acesso da minha casa”, afirma Toreta. A escolha pela mobilidade ocorreu porque o empresário passa muito tempo em reuniões com clientes. “Tenho utilizado um smartphone para negociar ações todos os dias”, diz.
Toreta lembra que a mobilidade já lhe rendeu bons negócios. “No mês passado, a Vale anunciou o fim das negociações com a Xstrata, após o horário regular do pregão. Quando eu voltava para casa, recebi uma mensagem no celular com a notícia e imaginei que os papéis iriam se valorizar. Na mesma hora, parei o carro e comprei algumas ações pelo celular no after market (mercado de negociação de ações que funciona após o horário tradicional do pregão)”, conta. Essa facilidade em operar pelo celular rendeu lucros: Toreta ganhou pouco mais de 6% na transação, já que adquiriu os papéis no mesmo dia por R$ 48,10 e os vendeu no dia seguinte a R$ 51,30. Esse rendimento é quase o que a poupança rende em todo o ano.
A qualquer lugar, a qualquer momento
Atualmente, somente as corretoras Ativa e Itaú oferecem serviços móveis, mas a tendência é que outras empresas comecem a proporcionar esta opção. Para acessar o serviço no Itaú, chamado de mobile broker, não é necessário fazer download ou possuir um aparelho habilitado. “Toda a operação é feita via internet. Basta ir até o site da corretora”, explica o presidente da corretora, Roberto Nishikawa.
O número de interessados vem crescendo e, em apenas dois meses desde o lançamento do serviço, 250 investidores já aderiram. “Em média, os investidores têm negociado R$ 3 mil por operação”, conta Nishikawa. No Itaú, para operar com essas tecnologias modernas, o investidor paga somente a corretagem, exatamente o que pagaria se tivesse negociando de casa.
Já na corretora Ativa, o custo é maior. “Cada ordem enviada por celular tem a corretagem de um negócio no home broker (R$ 15) mais a taxa de R$ 1,50”, afirma a diretora comercial da corretora, Silvia Werther. Além disso, há o custo de R$ 30 mensais para manter o serviço. O investidor que gasta mais de R$ 495 de corretagem no mês fica isento da mensalidade. “Oferecemos as cotações das ações em tempo real, gráficos e o saldo do cliente”, explica Werther.
Em ambas as corretoras, a tecnologia móvel permite, por enquanto, que os clientes negociem somente ações. Os preços do serviço partem de R$ 20,00. Entre as empresas que oferecem a comodidade para as corretoras estão a Agência Estado e a CellBroker.
O investidor Davi Almeida explica o que, para ele, é a vantagem do serviço. “Gosto de fazer operações de curto prazo, mais ou menos três por dia. Com essa volatilidade do mercado, é importante ter essa opção de comprar e vender ações em qualquer lugar, a qualquer momento”, resume.
Nenhum comentário:
Postar um comentário