sexta-feira, outubro 10, 2008

Mulheres poupam mais e os homens são mais arrojados

A participação das mulheres no mundo dos investimentos tem crescido a cada ano, porém elas ainda continuam conservadoras, se comparadas com os homens.

De acordo com dados da Trade Network, empresa organizadora do Expo Money (evento destinado a investidores), as mulheres investem mais na poupança, enquanto os homens preferem as ações. Mais de nove mil pessoas foram contatadas para a realização do levantamento, o total de inscritos no evento na edição de São Paulo.

Dentre as mulheres inscritas, 61,1% disseram investir na poupança, enquanto a proporção entre os homens foi de 42,1%. No caso das ações , 54,86% dos investidores do sexo masculino afirmaram participar deste mercado, ante 25,3% do público feminino.

Investimentos

O clube de investimento tem baixa adesão entre ambos os públicos, com apenas 9,05% dos homens e 5,9% das mulheres. Fundo multimercado também foi um tipo de investimento pouco citado no levantamento, por apenas 10,39% dos homens e 5,1% das mulheres. A tabela abaixo revela os investimentos feitos por homens e mulheres:

Investimento Homens Mulheres

Imóveis 14,8% 9,7%
Poupança 42,1% 61,1%
Fundo de Renda fixa e CDB 39,3% 37,9%
Fundos de ações 39,2% 29,4%
Ações diretamente 54,8% 25,3%
Fundos Multimercados 10,3% 5,1%
Clube de Investimento 9,0% 5,9%

Fonte: Trade Network

Ainda sobre os investimentos, de acordo com o levantamento, 54,72% dos entrevistados preferem investir seu dinheiro via corretoras de valores, em vez de usar o próprio banco. Segundo a Trade Network, esse perfil é típico de São Pasulo, já que, na média nacional, a maioria investe em produtos do próprio banco.

Perfil

Dentre as mulheres, os dados revelaram que 41,42% delas se consideram conservadoras quando investem. As moderadas são 30,72%, as atuantes são 20,44% e as arrojadas, apenas 7,42%.

Já entre os homens os dados mostraram que 34,60% se consideram atuantes; 26,37%, moderados; outros 21,41%, conservadores e; por último, 17,61% se denominam arrojados.

A pesquisa indica que cada vez mais as pessoas estão se considerando atuantes. "Isto é bastante positivo, pois indica que os brasileiros estão se informando mais, avaliando as opções e diversificando os investimentos", avalia o presidente da Trade Network, Robert Dannenberg.
A semana começou ruim e deve terminar pior. Os mercados não assimilaram o pacote dos EUA e a baixas vão continuar até que haja uma solução séria e eficaz. A influência da ação coordenada de vários bancos centrais mundiais na quarta-feira, com cortes de juros, se dissipou e voltou a dar lugar ao caos. No mundo todo, os mercados sofrem fortes perdas com o alastramento da crise. Nem mesmo discurso do presidente Bush - que disse que está agindo "e continuará a agir" para restaurar a estabilidade - conseguiu acalmar a maior parte das bolsas.

Especialistas respondem a algumas das questões que, no meio da crise, certamente estão na cabeça do investidor brasileiro.


Qual a recomendação para quem tem ações, seja diretamente ou por um fundo?


A maioria dos especialistas recomenda calma. Muitos recorrem ao clichê de que é preciso ter sangue-frio. Mas atenção: isso vale apenas para o investidor que visa ao longo prazo. "Quem entrou pensando no curto ou no médio prazo, errou", diz o coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), William Eid Júnior. Como o mercado acionário está muito volátil e não deve voltar aos altos níveis nos próximos meses, esse aplicador vai perder dinheiro. "As pessoas de classe média que tentam especular (com ações) sempre entram pelo cano", afirma Eid Júnior.

Quem tem fundo de previdência privada atrelado a ações deve fazer algo?

Para essas pessoas, a recomendação é unânime: nada. "Esses devem ficar quietinhos, pois transferir o dinheiro agora para outro tipo de fundo implicará assumir um prejuízo que não é mais recuperável", diz o administrador de investimentos Fábio Colombo. Além do mais, fundo de previdência, como o próprio nome diz, é algo para muitos anos.

É um bom momento para investir em ações?

Para Colombo, sim, desde que o investidor eleve sua exposição gradativamente. Como o cenário ainda é muito nebuloso, ele acredita que o mercado acionário pode ter novas quedas no curto e médio prazos. Eid Júnior está mais animado: "Já estou tentado a comprar".

Qual a tendência para a bolsa e para o dólar?

Segundo os especialistas, a resposta honesta a essa questão é "ninguém sabe". "É a pergunta de US$ 1 trilhão", brinca Eid Júnior. No curto e no médio prazos, a única certeza é que haverá muita volatilidade. Exatamente como nos dois primeiros dias desta semana. Segunda-feira, as bolsas despencaram e ontem subiram. O comportamento do dólar foi parecido. Fechou em R$ 1,967 segunda-feira e em R$ 1,902 ontem. No longo prazo, os especialistas acreditam que as perspectivas para a bolsa são positivas em decorrência do crescimento do Brasil e de outros emergentes. O dólar, diz Colombo, dificilmente voltará aos níveis do fim de julho (abaixo de R$ 1,60), mas tampouco deve ficar nos R$ 2,00.

Dólar e ouro são boas opções?

Aqui os especialistas divergem. "O mercado de câmbio é especulativo e tudo o que é especulativo é veneno para a classe média", define Eid Júnior. Colombo discorda. "Moeda, seja dólar ou euro, é um seguro para quando as coisas não vão bem, como agora." Para ele, o investidor que tiver condições pode aplicar até 20% do portfólio nesse ativo. Com relação ao ouro, a divergência persiste. "Também é um seguro (anticrise)", diz Colombo. "Se o mundo acabar, o que a pessoa vai fazer, comer o ouro?", indaga Eid Júnior.


Qual investimento é seguro neste momento?


Fundos de renda fixa, DI, caderneta de poupança e CDBs de bancos de grande parte são as opções citadas pelos especialistas.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Debate sobre o que fazer em tempos de crise atormenta investidor

Na ponta da língua do investidor: "é o fim do mundo?". Na ponta da língua do analista: "não faça movimentos bruscos em momentos de euforia". Em outros tempos, esse seria o clima durante uma queda consistente da Bolsa. Agora a rotina de baixas contínuas, muitas com variações cinematográficas, mexeu no teor do debate.

A sintonia entre investidor e analista parece sentir o desgaste do pânico nos mercados. Frente à mudança de cenário, o otimismo com os fundamentos econômicos, citados à exaustão no passado recente, cedeu lugar à cautela. Em contrapartida, para muitos aplicadores, a palavra de ordem é "compra", mirando as fortes quedas recentes como uma oportunidade.

Como de praxe, o mês de outubro começou recheado de carteiras de recomendações assinadas por equipes que alertavam para a turbulência corrente. Com destaque para setor elétrico e boas pagadoras de dividendos. Na outra ponta, enquete junto aos investidores denotou uma visão de que comprar pode ser a melhor alternativa.

Conflito

Para os autores dos relatórios, como o da Ativa, a principal dificuldade é traçar algum panorama de curto prazo. As carteiras de Banif e Socopa, por exemplo, privilegiam uma postura defensiva, incluindo papéis de empresas com sólidos fundamentos e elevada geração de caixa para enfrentar a volatilidade nos mercados.

Para a maioria dos investidores, a nuvem de incertezas não abala uma estratégia básica do mercado acionário: "comprar na baixa". Pelo menos esse foi o resultado de enquete realizada no final de setembro. Diante da pergunta: "Qual sua perspectiva em relação à crise financeira mundial?", 1.931 das 4.332 escolhas (44,58%) apontaram a opção "esta é a melhor chance para comprar dos últimos anos".

De acordo com a Merrill Lynch, o terceiro trimestre foi o pior da renda variável dos mercados emergentes em todos os tempos. Mas isso não significa que é o momento de "fechar os olhos e comprar". "Os investidores precisam ver uma mudança nos indicadores globais, flexibilização do crédito e da política monetária destes países antes de comprar. Tudo mais possível em 2009", interpreta o banco.

Histórico

Importante notar que os desdobramentos da crise - com sinais de aprofundamento na Europa e temores mais incisivos relacionados ao Brasil - ainda não permitiram uma revisão de estimativas para as ações brasileiras. Deste modo, é comum encontrar preços-alvo equivalentes a um potencial de valorização de três dígitos.

Neste ano, o descolamento de viés entre investidor e analista teve outro episódio em julho. Enquete revelou que mais de 36% dos usuários utilizavam estratégia compradora no mercado, ignorando a turbulência, à época mais tímida. Enfim, entre enquetes e carteiras, recomenda-se que, na prática, a prudência e o bom senso prevaleçam ao alocar seus recursos.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Segunda-feira obscura para o mercado financeiro

A bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou pela segunda vez nesta segunda-feira, com menos de duas horas de operação. O segundo circuit breaker foi acionado às 11h43, quando a Bolsa atingiu uma queda de 15%, aos 37.814pontos. A primeira parada ocorreu às 10h18, quando a Bovespa chegou aos 40 mil pontos, acumulando uma queda de 10% no dia. A Bolsa retomará os negócios às 12h44. É a terceira vez na história que o circuit breaker é acionado duas vezes no mesmo dia.

O circuit breaker é um mecanismo utilizado pela Bovespa que permite, na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, o amortecimento e o rebalanceamento das ordens de compra e de venda. Esse instrumento constitui-se em uma "proteção" à volatilidade excessiva em momentos atípicos de mercado, segundo informa a Bolsa.

Quando o sistema foi acionado, as maiores quedas do Ibovespa - índice que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa - eram as preferenciais (PN, sem direito a voto) da Rossi Residencial (26,24%); as ordinárias (ON, com direito a voto) da Companhia Siderúrgica Nacional (26,35%); e as preferenciais do Bradesco (21,21%).

A forte queda das commodities no mercado internacional provocou estragos na Bolsa. No segundo circuit breaker, as ações da Vale ON despencavam 20,13%. Os papéis da Petrobras ON desabaram 19,42% e Gerdau PN perdia 19,02%.

Incertezas se agravam

Na semana passada, a Bovespa encerrou a semana com perdas de 12,34%, a maior queda semanal desde julho de 2002, quando recuou 12,9% em meio à tensão pré-eleitoral que resultou no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última sexta-feira, o Ibovespa caiu 3,53%, aos 44.517,32 pontos.

Naquele dia, já se previa que o pacote de socorro às instituições norte-americanas - aprovado na na sexta-feira pelo Congresso - não seria suficiente para conter a crise de confiança nos bancos e nos mercados de crédito que se espalha pelo mundo, atingindo com mais força hoje a Europa. As preocupações na região aprofundaram-se depois que os ministros de finanças da zona do euro não conseguiram chegar a um consenso no final de semana sobre como reagir aos problemas do setor.

Às 12h05, em Nova York, o índice Dow Jones cai 4,23%. A Nasdaq recua 5,03%.