A semana começou ruim e deve terminar pior. Os mercados não assimilaram o pacote dos EUA e a baixas vão continuar até que haja uma solução séria e eficaz. A influência da ação coordenada de vários bancos centrais mundiais na quarta-feira, com cortes de juros, se dissipou e voltou a dar lugar ao caos. No mundo todo, os mercados sofrem fortes perdas com o alastramento da crise. Nem mesmo discurso do presidente Bush - que disse que está agindo "e continuará a agir" para restaurar a estabilidade - conseguiu acalmar a maior parte das bolsas.
Especialistas respondem a algumas das questões que, no meio da crise, certamente estão na cabeça do investidor brasileiro.
Qual a recomendação para quem tem ações, seja diretamente ou por um fundo?
A maioria dos especialistas recomenda calma. Muitos recorrem ao clichê de que é preciso ter sangue-frio. Mas atenção: isso vale apenas para o investidor que visa ao longo prazo. "Quem entrou pensando no curto ou no médio prazo, errou", diz o coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), William Eid Júnior. Como o mercado acionário está muito volátil e não deve voltar aos altos níveis nos próximos meses, esse aplicador vai perder dinheiro. "As pessoas de classe média que tentam especular (com ações) sempre entram pelo cano", afirma Eid Júnior.
Quem tem fundo de previdência privada atrelado a ações deve fazer algo?
Para essas pessoas, a recomendação é unânime: nada. "Esses devem ficar quietinhos, pois transferir o dinheiro agora para outro tipo de fundo implicará assumir um prejuízo que não é mais recuperável", diz o administrador de investimentos Fábio Colombo. Além do mais, fundo de previdência, como o próprio nome diz, é algo para muitos anos.
É um bom momento para investir em ações?
Para Colombo, sim, desde que o investidor eleve sua exposição gradativamente. Como o cenário ainda é muito nebuloso, ele acredita que o mercado acionário pode ter novas quedas no curto e médio prazos. Eid Júnior está mais animado: "Já estou tentado a comprar".
Qual a tendência para a bolsa e para o dólar?
Segundo os especialistas, a resposta honesta a essa questão é "ninguém sabe". "É a pergunta de US$ 1 trilhão", brinca Eid Júnior. No curto e no médio prazos, a única certeza é que haverá muita volatilidade. Exatamente como nos dois primeiros dias desta semana. Segunda-feira, as bolsas despencaram e ontem subiram. O comportamento do dólar foi parecido. Fechou em R$ 1,967 segunda-feira e em R$ 1,902 ontem. No longo prazo, os especialistas acreditam que as perspectivas para a bolsa são positivas em decorrência do crescimento do Brasil e de outros emergentes. O dólar, diz Colombo, dificilmente voltará aos níveis do fim de julho (abaixo de R$ 1,60), mas tampouco deve ficar nos R$ 2,00.
Dólar e ouro são boas opções?
Aqui os especialistas divergem. "O mercado de câmbio é especulativo e tudo o que é especulativo é veneno para a classe média", define Eid Júnior. Colombo discorda. "Moeda, seja dólar ou euro, é um seguro para quando as coisas não vão bem, como agora." Para ele, o investidor que tiver condições pode aplicar até 20% do portfólio nesse ativo. Com relação ao ouro, a divergência persiste. "Também é um seguro (anticrise)", diz Colombo. "Se o mundo acabar, o que a pessoa vai fazer, comer o ouro?", indaga Eid Júnior.
Qual investimento é seguro neste momento?
Fundos de renda fixa, DI, caderneta de poupança e CDBs de bancos de grande parte são as opções citadas pelos especialistas.
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