sábado, outubro 10, 2009

Retomada após oito longos meses

Caros,
Estou a retomar os trabalhos neste blog. As informações continuam a serem econômicas.
Depois de ter aberto uma editora,lançando dois títulos, agora encontro tempo para escrever sobre o mercado financeiro que vive momentos esplendorosos.
mandem posts.

terça-feira, maio 05, 2009

Ações de bancos brasileiros estão entre as mais rentáveis do setor, mostra pesquisa

da Folha Online

A recuperação do mercado financeiro global tem refletido de forma gradativa nas ações dos bancos, um dos setores da economia mais afetados pela crise econômica mundial.

Dentre os 21 grandes bancos dos EUA e da América Latina (com capital aberto), somente as ações de seis mostram rentabilidade positiva até o início de maio, mesmo após dois meses de franca recuperação das Bolsas de Valores, aponta levantamento da consultoria Economática.

Há ações de três bancos brasileiros nesse grupo restrito: do Banco do Brasil, do Bradesco e do Itaú-Unibanco. Até o pregão de ontem, os papéis dessas três instituições bancárias haviam valorizado 36,15%, 26,05% e 24,66% em 2009, respectivamente.

Na liderança do ranking estavam três grandes bancos americanos: em pouco mais de quatro meses, a ação do Morgan Stanley já valorizou 68,99%, enquanto a ação do Goldman Sachs teve alta de 59,84% no mesmo período. Em terceiro lugar, a ação do American Express subiu 50,31%.

A Economática também aponta as ações que são negociadas com os maiores descontos: a ação do Citigroup é de longe a de pior desempenho, com desvalorização 52,20% neste ano até o pregão de ontem; a ação do Fifth Third Bancorp teve queda de 41,28%, enquanto a do Sun Trust, de 41%.

sábado, maio 02, 2009

A velocidade das novas ordens de ações

Latência e milissegundos são palavras ausentes do universo de preocupações do investidor comum, mas são fundamentais para o sucesso das operações dos pesos-pesados do mercado: os investidores institucionais, aqueles capazes de comprar ou vender dezenas ou mesmo centenas de milhões de reais em ativos financeiros em um único pregão, seja no mercado à vista ou de futuros. Neste seleto e poderoso grupo, estão grandes administradores de recursos, como tesourarias de bancos e fundos de pensão.

“A latência nada mais é do que o tempo que leva a ordem para chegar pela rede até a Bolsa e retornar da Bolsa à corretora. Em milissegundos (milésimos de segundos), centenas de ordens podem ser executadas. Há clientes que compram para vender no minuto seguinte”, explica Daniel Mendonça de Barros, sócio-diretor da Link Corretora. Atentos a isso, grandes corretoras e bancos de investimento brasileiros têm investido nos últimos anos na montagem de plataformas eletrônicas de negociação, que prometem garantir aos usuários precisão de pistoleiro do velho oeste para acertar os preços pretendidos no alvo.


A arma colocada na mão do investidor institucional são os algoritmos: fórmulas matemáticas fundamentadas na análise quantitativa de execuções de compra e venda de ativos financeiros, dia a dia, fração de segundo a fração de segundo, com base no histórico de anos anteriores. É possível esquadrinhar cada ação negociada na Bolsa de São Paulo, ordem por ordem, nos quatro anos anteriores – embora a preferência seja pela análise dos dois últimos anos.

A partir desse imenso banco de dados, o investidor determina com precisão eletrônica a execução de suas ordens de compra ou venda, conforme as suas premissas sobre a evolução dos preços e seus objetivos de investimento. E podem acompanhar em tempo real tanto a execução das ordens como o registro das operações.

“Cada algoritmo carrega, implícito em sua programação, um nível de agressividade que determinará o momento de ir ao mercado. O risco é calibrado conforme o perfil do cliente. Quando as premissas são atingidas, uma ordem eletrônica é disparada automaticamente”, diz o chefe da mesa de operações eletrônicas da Ágora Corretora, Francisco Valente. “Os algoritmos contribuem para reduzir os custos de transação. O grande ganho para o investidor é melhorar a eficiência na execução da ordem de compra ou venda”, acrescenta Valente.

As corretoras que dispõem dessas ferramentas, por sua vez, lucram com a satisfação de clientes que giram aceleradamente milhões de reais: a taxa de corretagem é a mesma, e o ganho da corretora decorre do volume transacionado. “Nos Estados Unidos, o modelo eletrônico já começa a interferir na forma de remuneração das corretoras. A tendência é de que se migre para um padrão de performance baseado na precisão da execução das ordens”, diz Roberto Lee, diretor da Alpes Corretora, outra empresa que aderiu à onda dos algoritmos. “É um instrumento que fortalece a posição das corretoras que o adotam, especialmente se levarmos em conta o processo de abertura do mercado brasileiro a corretoras estrangeiras”, observa Lee.


“Os algoritmos passam a fazer sentido quando o mercado começa a se tornar 100% eletrônico”, acrescenta Mendonça de Barros, observando que, após a Bovespa ter se adequado anos atrás a este requisito, a Bolsa de Mercadorias & Futuros, embora ainda mantenha um pregão viva-voz, tende também a migrar integralmente para a operação eletrônica – hoje, 90% das transações na BM&F já são online.

No Brasil, a Link é uma das poucas corretoras que oferecem a plataforma também a investidores pessoa física. “A análise é feita caso a caso. O uso faz sentido para investidores que realmente realizem muitas operações durante o pregão”, explica Mônica Saccarelli, diretora do Link Trade, home broker da corretora.

Normalmente, os modelos quantitativos usados no Brasil são adaptações locais de ferramentas desenvolvidas nos Estados Unidos ou na Inglaterra. As operações mais demandadas pelos investidores são as VWAP (Volume Weighted Average Price) e TWAP (Time Weighted Average Price). A primeira tem por objetivo estabelecer uma convergência entre o preço médio executado pelo operador no pregão e o preço médio do ativo no período. A segunda realiza uma distribuição linear das execuções de ordens ao longo do dia. “A cada hora o investidor pode desejar fazer o equivalente a um terço do mercado“, exemplifica Barros.

Há ainda o chamado Volume Participation (Participação em Volume), na qual “a execução de uma ordem ao longo do dia equivale a um percentual do volume já executado pelo mercado”, explica Valente, da Ágora. Arbitragens muito velozes, por exemplo, entre ações da Petrobras na BM&FBovespa e suas ADRs na Bolsa de Nova York são outra possibilidade, assim como operações de “cash and carry”, em que se contrapõe a compra ou venda do Ibovespa futuro à compra ou venda de todas as ações da carteira do índice no mercado à vista, buscando distorções e visando a um ganho acima do CDI em determinado período de tempo.


Um participante do mercado, que queira vender ou comprar um grande volume da mesma ação ao longo do pregão, conta também com o recurso conhecido como “iceberg” ou “ordem escondida”. “Ele pode comprar 1 milhão de ações da Petrobras na sessão e decidir que essa compra deve ser feita discretamente, mil por mil, de 15 em 15 segundos. E combinar isso com a busca de um preço médio, entre o mínimo e o máximo do dia”, diz Luiz Cláudio Menezes, diretor-geral da Progress Software, que comercializa a plataforma Apama. “Em arbitragens de altíssima freqüência, as margens são muito pequenas, então o ganho decorre da escala em que se opera e da eficácia na colocação das ordens”, acrescenta Menezes.

Segundo ele, a Apama permite executar até 5 mil ordens por segundo. Mas o potencial ainda seria limitado pela infraestrutura da Bolsa e das corretoras brasileiras. As corretoras costumam ter capacidade para executar até mil ordens por segundo – consta que uma grande corretora teria capacidade para 30 mil por segundo. A capacidade da Bovespa, hoje, é de 770 mil negócios por dia e deve chegar a 1,5 milhão/dia em maio com a implantação de uma nova versão do sistema MegaBolsa, chamada V900. Na BM&F, a capacidade é de 200 mil negócios diários. A BM&FBovespa prefere não fazer o cálculo médio distribuído por segundos, em razão da assimetria na distribuição de ordens ao longo do dia.

O discurso da automação é sedutor, mas é importante não perder de vista que o fator humano (o gestor) permanece por trás da decisão sobre comprar ou vender. “É o elemento humano que analisa a informação disponível e estabelece as premissas que serão executadas eletronicamente”, observa Valente, da Ágora, o que envolve, na corretora, um trabalho interdisciplinar de matemáticos, programadores e gestores financeiros.

“É como um piloto de avião: a máquina executa, mas há sempre o monitoramento humano. Há uma rota programada, mas é possível interromper a sua execução a qualquer momento”, acrescenta Mendonça de Barros, da Link. “Essas ferramentas ajudam naquilo que é difícil de ser feito na mão, em operações de alta freqüência em que se tenha de olhar para muitos fatores, como em books de arbitragem ou volatilidade”, acrescenta um operador da Finabank, outra corretora que aderiu aos algoritmos eletrônicos.

quinta-feira, abril 23, 2009

O gestor da carteira de ações

Quem atua ativamente na gestão da carteira de ações sabe como é importante ter um serviço online – home broker – disponível durante as sete horas do pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Nenhum investidor, no entanto, está livre de enfrentar uma falha no home broker. Os especialistas ensinam que, em alguns casos, o investidor pode solicitar um serviço alternativo, como atendimento telefônico. Em outros, a corretora tem de pagar uma indenização. Para o investidor, o fundamental é aprender como defender o dinheiro nessas panes.

“O home broker exige disponibilidade do serviço”, explica a advogada Patrícia Peck Pinheiro. Falhas no sistema são tão frequentes que este é um dos problemas mais encaminhados ao ombudsman da Bolsa. No relatório do ano passado, esse tipo de queixa, seja por falha no sistema ou por lentidão no site da corretora, correspondeu a 26% de todas reclamações.

“Por envolver a internet, fica claro que o serviço envolve o risco de falha na comunicação”, alerta o advogado e professor do Ibmec Direito, Valdir Carlos Pereira Filho. “Resta fazer a distinção de quando o problema é do sistema da corretora e quando está fora do alcance desta, como, por exemplo, se houver uma chuva que cause falha na telefonia”, completa.

Apesar de muitas corretoras estabelecerem, no contrato do serviço com o investidor, que não se responsabilizam por falhas eletrônicas que possam vir a ocorrer, os clientes possuem alguns direitos se o problema ocorre no sistema da corretora. “Numa situação de culpa, a Justiça entende que está cláusula é nula”, diz Patrícia, referindo-se a esses avisos das corretoras.

Os advogados afirmam que cabe indenização por perdas ou por lucro menor nos casos em que, por exemplo, fica provado que o home broker ficou fora do ar, porque o sistema não estava preparado para atender ao número total de investidores. Ou ainda se a corretora demora um tempo considerado excessivamente longo para executar as ordens. Até cinco minutos é um período considerado normal, pelo mercado.

Índice de disponibilidade

Pelo Código de Defesa do Consumidor, quando o home broker fica fora do ar, a empresa é obrigada a oferecer um sistema de contingência. Geralmente, as corretoras optam por oferecer mais linhas telefônicas para receber as ordens dos acionistas. Neste caso, o valor da taxa de corretagem, que seria mais caro, deve ser igual ao cobrado no sistema de home broker. “Mesmo oferecendo o serviço por telefone, cabe ao cliente avaliar se conseguiu falar com os operadores rapidamente, se a linha não ficou congestionada e se foi bem atendido”, diz Patrícia.

“O que não pode é o cliente não ter ficado satisfeito com a operação e tentar culpar a corretora de alguma forma. Alguns confundem a oscilação normal dos preços, que faz com que em alguns minutos a ação mude muito o valor, e uma eventual falha no home broker”, alerta Pereira Filho.

Nas situações em que a falha ocorreu devido a um problema na internet ou no computador do investidor, não há, em geral, indenizações. A advogada alerta que, se o problema ocorreu na companhia de telecomunicações que presta serviço à corretora, o investidor pode ser ressarcido de eventuais perdas. A corretora deve pagá-lo e, para também ser indenizada, processar a empresa de telecomunicações.

Devido a um episódio de 2006, quando o site de uma corretora teve problemas durante uma semana, a Bovespa criou um índice de disponibilidade que determina que os sites das instituições devem estar disponíveis, pelo menos, 95% do tempo dos pregões. As corretoras que tenham problemas devem encaminhar relatório com explicações para a Bolsa. A Bovespa reconhece que o índice deveria ser maior porque, se a corretora ficar fora do ar durante um dia todo, ainda estará neste limite.

Como se defender?

A primeira providência a ser tomada, quando há falhas no home broker, é checar se o problema ocorreu no próprio computador. “O investidor pode tentar enviar a ordem de outro computador”, recomenda a economista Verônica Dutt-Ross, da Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Em caso de lentidão do sistema, o extrato e o comprovante de envio da ordem devem ser impressos para que fique registrado o horário de execução do negócio. “Se ao enviar uma mensagem de erro, o investidor deve fazer um print screen da tela[botão localizado no alto do lado direito do teclado], enviar para o e-mail e imprimir”, sugere Verônica.

Caso o investidor decida encaminhar uma reclamação, cabe à corretora o que os especialistas chamam de ônus da prova. Ou seja, ela deve provar que o erro não foi de seu sistema e sim, do investidor. O primeiro contato para relatar a falha técnica pode ser feita por telefone. O investidor não deve esquecer de exigir o número de protocolo da ligação. “O acionista pode esperar até 72 horas para que a corretora entre em contato com uma solução ou para informar que está avaliando o caso”, diz Patrícia.

Se a corretora não entrar em contato, o segundo passo é documentar o problema, com cópias da página, extratos e, se possível, até o registro das ligações telefônicas para comprovar que o investidor tentou uma solução. Tudo deve ser enviado por e-mail para a corretora, com cópia para o próprio cliente. Isso prova que o e-mail realmente foi enviado e recebido.

Caso a corretora não entre novamente em contato, o investidor pode recorrer aos órgãos reguladores. “Primeiramente, o investidor deve tentar uma solução através do ombudsman da Bovespa. Depois, através da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo canal de Proteção e Orientação ao Investidor”, explica Verônica. Segundo especialistas, geralmente a solução mais comum é através do ombudsman já que a corretora não quer ser processada e quer evitar a divulgação do fato.

Outro canal de reclamação é a Bovespa Supervisão de Mercados (BSM), que fiscaliza as corretoras e é responsável pelo mecanismo de ressarcimento de prejuízo. As reclamações devem ser encaminhadas para o endereço da BSM, juntamente com alguns documentos listados no site do órgão. Pelo site da BSM também é possível checar o andamento de alguns processos de ressarcimento.

A última saída pode ser um processo judicial. Especialistas alertam que esta deve ser a última alternativa, já que a resolução tende a ser mais demorada - acima de um ano. O investidor pode pedir, como indenização, não apenas o valor do prejuízo ou lucro que deixou de ter com o negócio que não foi feito, como também outras perdas que ocorreram em função do negócio. Se o cliente precisava do dinheiro para cobrir uma conta negativa no banco e, por causa da falha, teve que pagar juros, por exemplo, o prejuízo deve ser ressarcido. Custos com advogado, caso seja necessário, também podem entrar na conta da indenização a ser paga.

segunda-feira, abril 13, 2009

Prefira investir em ações com cobertura de analistas

Quem investe nem sempre tem tempo para ler todos os relatórios da corretora. Apesar disso, observar se a empresa escolhida tem ou não a cobertura de analistas pode ser um dos critérios no momento de efetuar a compra do papel. Segundo especialistas, o investidor corre um risco maior ao comprar uma ação que não tem um acompanhamento sistemático por parte das corretoras, já que o papel pode despertar menos interesse e, conseqüentemente, apresentar menor liquidez em Bolsa. Com menos negócios, a ação pode até ser excluída do Ibovespa, principal índice de ações da Bovespa.

“O investidor deve avaliar dois pontos em uma aplicação: a rentabilidade e o risco. Nem sempre, no entanto, ele tem informações para avaliar o risco e por isso os relatórios são importantes”, afirma o superintendente de relações com investidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Carlos Alberto Rebello Sobrinho. “Mesmo que o investidor não vá seguir a recomendação do analista, é aconselhável que ele tenha uma segunda opinião sobre a empresa”, completa.

A análise de uma ação envolve muitos fatores, às vezes, complexos para o pequeno investidor. Para analisá-los, estes profissionais precisam se especializar e conseguir uma certificação da CVM.

A análise de especialistas, porém, não significa garantia de valorização da empresa. Muitas vezes, os analistas recomendam compra para ações que mais tarde podem apresentar problemas. Caso recente foi o da Agrenco, em que várias casas especializadas sugeriam compra do papel e as ações despencaram após executivos da empresa serem acusados de crimes contra o sistema financeiro.

Apesar disso, os consultores recomendam que o investidor leia os relatórios, de mais de uma corretora, se possível, e compare as informações. “O investidor não deve aplicar sem antes ter lido pelo menos um relatório”, recomenda a presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-SP), Lucy Sousa.

Para saber se uma ação tem ou não cobertura das corretoras, o investidor pode recorrer ao profissional de Relações com Investidores (RI) da empresa, via site da empresa. Caso a companhia não tenha RI, o investidor deve procurar as corretoras.

Menos negócios

De acordo com o estudo norte-americano denominado “Há vida após a perda da cobertura de analistas?” (“Is there life after loss of analyst coverage?”, em uma tradução literal*), as ações sem análise por parte das corretoras costumam não atrair os investidores, principalmente os institucionais.

Com essa falta de interesse é natural que a ação tenha pior performance e menor número de negócios. Por isso, o investidor individual deve evitar essas empresas sem cobertura e sem liquidez. Para o investidor, uma ação com pouca liquidez representa um investimento que não pode ser resgatado em todo momento, pelo valor desejado pelo acionista. Se quiser vender uma ação porque precisa do dinheiro, o investidor pode ter que diminuir significativamente o preço do papel para conseguir negociá-lo.

O estudo norte-americano mostrou ainda que dois anos após perder a cobertura, 29% das companhias não avaliadas por analistas foram excluídas das listas das Bolsas de Valores que selecionam as ações com maior liquidez. O número cai para 8% entre as empresas que são acompanhas por especialistas.

A pesquisa avaliou 2.753 empresas que haviam perdido a cobertura de analistas entre 1983 e 2004 e as comparou com um grupo de companhias acompanhadas por alguns profissionais.

* Estudo realizado por Ajay Khorana, do Georgia Institute of Technology, Simona Mola, da Arizona State University, e Raghavendra Rau, da Purdue University

segunda-feira, abril 06, 2009

E a Bovespa entrou no esquema NYSE

Investidores que possuem ações ganharão, a partir de 4 de maio, novo estímulo para alugar seus papéis: a BM&FBovespa dará bônus de 0,05% ao ano sobre o sobre o valor “emprestado” em ações para outros investidores. A iniciativa, prevista inicialmente para entrar em vigor hoje, faz parte da nova política de tarifação da Bolsa, que pretende ampliar tanto os negócios como a participação das pessoas físicas, especialmente os pequenos investidores. Além do bônus nos aluguéis, as taxas de negociação e liquidação, que incidem sobre a compra e venda de ações, serão reduzidas a partir de maio de 0,035% para 0,0335% para as pessoas físicas.

Para o investidor de longo prazo e pouco ativo no mercado, alugar ações significa a possibilidade de ganho além do que obteria apenas com a eventual valorização dos papéis – ou até mesmo a chance de reduzir um eventual prejuízo. Com a volatilidade acentuada pela crise financeira internacional, o aluguel chegou a ser sugerido pelos especialistas como forma de minimizar as perdas decorrentes das fortes quedas no ano passado. Com o bônus que passará a ser oferecido pela Bolsa, a alternativa deve ganhar força. Hoje, do valor total disponibilizado para aluguel, 29% pertencem a pessoas físicas. Em março, as operações de aluguel movimentaram R$ 16,4 bilhões, frente aos R$ 88,9 bilhões transacionados nos mercados de ações e opções da BM&FBovespa.

Quem “empresta” a ação é remunerado por uma taxa de juros acertada entre as partes. “É uma operação de renda fixa envolvendo um ativo de renda variável”, explica o professor de derivativos do Ibmec-SP Alexandre Chaia. “O repasse da Bolsa deve incentivar as pessoas a pelo menos procurar remunerar melhor a carteira.” O bônus de 0,05% vai incidir sobre o valor total das ações alugadas, calculado a partir da cotação média no dia anterior ao do contrato de aluguel. E será creditado, ao final da operação (quando o tomador devolver as ações ao locador), na conta do investidor na corretora.

quinta-feira, abril 02, 2009

Bovespa: o melhor investimento de março

A Bovespa foi o melhor investimento do mês de março. Seu índice principal, o Ibovespa, acumulou rentabilidade de 7,18%. Não é pegadinha, nem brincadeira de primeiro de abril. Em meio a notícias e previsões acerca do crescimento da economia do Brasil e do mundo, a bolsa de valores de São Paulo reage e mostra fôlego. Inevitavelmente surge a dúvida: será a bolsa brasileira uma boa opção de investimentos para o ano de 2009?

Obviamente, o resultado de março não deve ser encarado como uma tendência absoluta; a cautela deve continuar pautando nossas decisões. Nos próximos meses, a Bovespa, bem como as bolsas do mundo, passará por períodos de grande instabilidade e volatilidade. Mas sem dúvidas o sinal é positivo. A esperança surge novamente.

Ressurgindo das cinzas

O resultado de março é o melhor desempenho desde abril de 2008, quando o Brasil foi elevado ao chamado Grau de Investimento pela Agência de Rating Standard & Poor`s. De lá pra cá, a crise mundial se agravou e a Bovespa despencou, levando milhões de investidores ao desespero.

terça-feira, março 31, 2009

Posto de renegociação de dívidas

Achei esta reportagem http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/2009/03/31/04023270D4819326.jhtm muito interessante para quem está com problemas de renegociação de dívidas.
Quem precisar de ajuda basta ir lá ...

segunda-feira, março 30, 2009

Os juros e os investimentos em títulos do governo

A redução do juro básico brasileiro (Selic) e a expectativa de que o governo continue a cortá-lo para estimular a economia têm feito as taxas oferecidas nos títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto caírem vertiginosamente desde outubro, conforme mostra infográfico abaixo.

Apesar desse declínio, os especialistas são convictos: quem está investindo de olho no longo prazo ainda encontra, nos papéis indexados à inflação, uma boa oportunidade. Para quem tem compromissos no curto prazo, os títulos prefixados são os mais indicados.

Para quem possui uma despesa no curto prazo, os títulos prefixados são a melhor opção. Estes papéis têm a taxa de juros definida no momento da compra. O título à venda, que tem vencimento mais rápido, janeiro de 2010, paga 9,88% ao ano. “As próximas quedas do juro estão embutidas no papel, o que traz menos risco para quem quer apenas garantir o poder de compra”, explica o diretor-executivo da BI Invest, Reinaldo Zakalski.

O funcionário público Licurgo Carvalho é um investidor que compra títulos prefixados porque já sabe exatamente quando terá de pagar a parcela para a entrega das chaves de seu novo apartamento, em 2010. Por isso, sempre que sobra dinheiro no mês, ele escolhe esses papéis no Tesouro Direto.

Inflação define retorno


Os títulos indexados à inflação (NTN-B e NTN-B Principal) também pagam ao investidor uma taxa de juros definida na compra, mais a variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até o vencimento do papel. Por isso, diz-se que os juros oferecidos neste tipo de título são reais, pois são livres do efeito da alta dos preços na economia.

Atualmente, a taxa oferecida nos papéis atrelados à inflação está entre 6,5% e 7% ao ano, dependendo do prazo de vencimento. Esse retorno estava no patamar de 11% ao ano em outubro do ano passado, quando a taxa Selic era de 13,75% ao ano. Desde então, recuou ininterruptamente. “Mas é preciso ter em mente que conseguir a correção da inflação, acrescida de juros de 6,8% ou 6,9% ao ano é uma remuneração muito boa”, afirma o diretor da corretora Petra, Ricardo Binelli. Basta recordar que a maior parte dos fundos de previdência adota como meta de rentabilidade 6% mais inflação.

"Dificilmente os papéis subirão para o patamar de 11% novamente”, diz o diretor da corretora Renascença, Waldir Muniz. “Quem comprou a esta taxa, fez uma boa aplicação, mas quem adquirir títulos agora ainda conseguirá taxas altas.” A sugestão é reforçada pela expectativa do mercado de que a inflação fique sob controle. “No curto prazo, a possibilidade de descontrole é quase nula. Por isso, títulos de inflação são indicados para aplicações acima de três anos”, comenta Zakalski.

Papéis vinculados à inflação são adequados, por exemplo, para os interessados em garantir recursos para a aposentadoria ou a faculdade dos filhos ou ainda para investidores preocupados em proteger o valor do dinheiro no tempo, como diz o professor do Ibmec São Paulo, Ricardo Almeida. “É o caso, por exemplo, de quem vai pagar no futuro o apartamento que está na planta. Não quer antecipar o pagamento por conta do risco de a construção não vingar, mas quer deixar o dinheiro reservado.”

Há disponíveis para compra no Tesouro Direto títulos de inflação com vencimentos entre 2012 e 2045 – lembrando que quanto mais longo o papel, maior a volatilidade do seu valor (devido às mudanças na economia) e, consequentemente, o risco de perder dinheiro numa venda antecipada. Quem não mantém o título até o vencimento, não recebe os juros definidos na compra. Ganha o que o mercado estiver pagando na venda antecipada.

Quem, ao contrário do mercado, achar que a inflação é um risco iminente, pode optar pelos títulos de inflação para prazos menores, mas deve ter em mente que o vencimento mais próximo é agosto de 2012. Considerando as taxas de juros futuros, negociadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e as oferecidas nos títulos públicos de inflação, o professor de finanças do Ibmec São Paulo, Liao Yu Chieh, calcula que o mercado estima uma inflação média perto de 4,30% ao ano até meados de 2012. “Para quem acredita que a alta dos preços pode superar este patamar até lá, vale a pena comprar um papel vinculado ao IPCA. Se, ao contrário, a expectativa for de inflação menor, é melhor um título prefixado”, explica.

quarta-feira, março 11, 2009

Ações de segunda e terceira linha ganham força

Além de apostas conservadoras em ações de primeira linha, como Petrobras, Vale e empresas de energia elétrica, sete das oito corretoras consultadas recomendam papéis de empresas de segunda e terceira linha, que antes apareciam menos entre as sugestões. Algumas dessas companhias ganham força por serem voltadas para o mercado interno que resiste melhor à crise do que as empresas exportadoras.

Entre as ações recomendadas, aparecem, como destaque, os papéis da concessionária de estradas CCR e da Perdigão, sugeridos por três corretoras. Em seguida, vem as ações da Redecard, com duas recomendações. Os papéis da Aços Villares, Lojas Americanas e Weg também aparecem nas carteiras das corretoras, com uma indicação cada.

“Historicamente, as ações de primeira linha se recuperam mais rápido quando o mercado começa a melhorar. Vimos bastante disso no início desse ano”, diz o analista da corretora Spinelli, Jayme Alves. “Para diminuir a volatilidade e o risco, no entanto, optamos por colocar empresas voltadas para o mercado interno, como a CCR”, completa.

“Dados da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) mostram moderada recuperação no tráfego de veículos nas rodovias que a CCR possui pedágios, especialmente de veículos leves”, aponta a equipe da corretora do HSBC, em relatório. Segundo a Spinelli, o volume de tráfego nas rodovias em que a CCR atua cresce entre 1,2 a 1,3 vezes o PIB.

A Ativa é uma das corretoras que recomenda ações da Perdigão, tendo inclusive aumentado o peso do papel na carteira em relação ao último mês. Em março, a ação representa 7,5% do composição da carteira contra 6,6% em fevereiro.

“Apesar da expectativa de resultados mais fracos no primeiro trimestre de 2009, em decorrência da queda de preços das carnes no mercado externo, acreditamos que a Perdigão deverá continuar a apresentar performance diferenciada em relação às demais empresas”, diz a equipe da corretora, em relatório. Segundo a Ativa, o setor possui características defensivas em momentos de crise, pois a carne de frango, devido ao menor preço, pode ser utilizada como substituta à carne bovina.

Para a corretora Planner, a empresa de alimentos é uma das sugestões com maior potencial de alta. De acordo com cálculos da corretora, a ação da Perdigão pode se valorizar pouco 121% até o fim do ano.

As ações da siderúrgica Aços Villares, que já haviam sido recomendadas em fevereiro, tiveram forte recuperação no último mês, de 8,08%. “Houve uma queda exagerada nos últimos meses, mas o papel está se recuperando”, diz a equipe da Win. Segundo o economista da corretora, José Góes, o papel da siderúrgica é uma aposta de small cap.

“No curto prazo, a receita da empresa deve sentir um pouco o recuo das vendas de automóveis, um de seus principais mercados. Sugerimos as ações para o longo prazo, pois a empresa possui múltiplos baixíssimos e baixo endividamento. Após o período turbulento, a companhia deve se recuperar”, analisa Góes. Ainda há a vantagem, segundo ele, de a empresa possuir um porcentual pequeno de ações negociadas na Bolsa (12,5%). “No futuro, a controladora pode querer comprar as ações do mercado, com um prêmio”, diz.

Vedetes de sempre

As ações da Petrobras aparecem nas oito carteiras recomendadas deste mês. “Ainda observamos uma situação instável o mercado, de medo dos investidores. Por isso, nem pensar em recomendar segunda e terceira linha por enquanto”, diz o diretor técnico da corretora Geral, Ivanor Torres. A Geral foi a única corretora a limitar-se a ações blue chips.

“As ações da petrolífera vêm apresentando um desempenho superior ao do Ibovespa, reflexo do fluxo positivo de entrada de capital estrangeiro e da ligeira recuperação do preço do petróleo, ainda muito voláteis”, diz a SLW. No ano até ontem (dia 5), as ações preferenciais da Petrobras avançaram 13,84% contra uma queda de 0,48% do Ibovespa.

Apesar de sugerir as ações da Petrobras, a Ativa reduziu a sua participação na carteira.
“Reduzimos a participação em commodities, em especial em Petrobras, basicamente em função da estimativa de divulgação de resultados ruins no quarto trimestre de 2008”, justifica. Para a Ativa, a petrolífera pode devolver os ganhos vistos nos últimos meses.

A terceira ação mais negociada da Bolsa, a da BM&F Bovespa, é recomendada pela Spinelli. “Por conta da unificação das operações e melhor mix de produtos, nesse ano, a companhia prevê uma queda de 24% os custos e, em 2010, a economia pode atingir 26%”, comenta a corretora. Contribui ainda para a indicação o fato de o papel já ter sido bem castigado. Em 2008, as ações recuaram 75,6%. Segundo a Spinelli, os papéis negociados no patamar de R$ 6 podem chegar a R$ 10,40.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Total de cheques devolvidos cresceu no Brasil

Cheques devolvidos são um termômetro para saber se as pessoas sabem ou não gastar com equilíbrio. Quando o Serasa solta notícias como esta é porque tudo está fora de ordem. O dado que vocês irão ler abaixo se refere o volume de cheques devolvidos em todo o Brasil. Dado ao fato que apenas 40% da população brasileira tem conta em banco e menos da metade tem talão de cheques então posso concluir que este número é alto.

Ana Luísa Westphalen - Agência Estado
SÃO PAULO - O volume de cheques devolvidos por falta de fundos em todo o País cresceu 20,5% em janeiro em relação ao mesmo período de 2008, informou nesta quarta-feira, 18, a Serasa. Segundo a empresa de análise de crédito, em janeiro foram devolvidos 22,9 cheques sem fundos por mil compensados, enquanto em janeiro do ano passado voltaram 19 por mil.

Na avaliação do assessor econômico da entidade Carlos Henrique de Almeida, o aumento da inadimplência com cheques mostra que o consumidor não foi cauteloso nas compras de Natal e optou por parcelar, não considerando as despesas sazonais de início de ano como IPTU, IPVA e matrícula escolar. Para ele, a menor oferta de crédito incentivou o brasileiro a privilegiar o parcelamento com cheque pré-datado.

Em janeiro, um total de 2,41 milhões de cheques foram devolvidos por falta de fundos, enquanto 104,98 milhões foram compensados em todo o País.

Na comparação com o mês anterior, a inadimplência com cheques aumentou 13,4%. Em dezembro, foram devolvidos 20,2 cheques para cada mil compensados.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Corretoras usam cautela na compra de ações

Passado o primeiro mês do ano de euforia nas bolsas – depois da forte expectativa de mudanças na economia com a posse de Barack Obama -, as corretoras começaram fevereiro com recomendações mais cautelosas.

As carteiras sugeridas para este mês trazem ações de setores tradicionais, como bancos, além de Petrobras e Vale. As empresas boas pagadoras de dividendos, como Ambev e Cemig, também estão na lista “top ten” das corretoras. Poucas carteiras se arriscam a fugir desses setores. As que mudam os segmentos apostam em empresas voltadas ao mercado interno.

Unânime nas recomendações, as ações preferenciais da Petrobras são as únicas que aparecem em todas as carteiras em fevereiro. A aprovação do pacote de ajuda para a infraestrutura por Obama foi o motivo encontrado pela SLW para indicar os papéis da petrolífera. “A ajuda pode trazer um ânimo de curto prazo aos mercados”, diz o relatório da corretora. “As ações da companhia podem ser beneficiadas com o retorno do investidor estrangeiro.”

Confira as carteiras de dividendos das corretoras

Para o analista da corretora Spinelli Jayme Alves, o cenário ainda conturbado exige aplicações somente em ações de primeira linha, como bancos. “É esperado um aumento da inadimplência, mas, mesmo assim, os grandes bancos nacionais devem apresentar resultados melhores do que o dos estrangeiros”, avalia Alves.

Vale

As ações preferenciais série A da Vale aparecem em cinco das sete carteiras recomendadas. Para a Planner, por exemplo, uma das corretoras que ainda não sugere o investimento nesses papéis, o momento ainda é de muita volatilidade. “Apesar das notícias de que os estoques na China estão baixos e da melhora das compras das siderúrgicas, em abril a Vale anuncia os novos preços dos contratos com empresas chineses e pode haver surpresas negativas. Preferimos esperar até lá”, sugere o gerente de pesquisas da Planner Corretora Ricardo Martins.

O setor siderúrgico, que trouxe grandes perdas às carteiras no segundo semestre de 2008 voltou a ganhar mais peso nas sugestões para fevereiro. “Em janeiro, Usiminas tinha peso de 5% na carteira. Aumentamos para 10% em decorrência da melhora no setor e ao fato de a Usiminas ser voltada ao mercado interno”, diz o gerente da Planner.

Nas carteiras recomendadas de fevereiro, as ações blue chips mesclam-se com as de companhias boas pagadoras de dividendos. “Sugerimos algumas elétricas, mas também Redecard. A empresa distribuiu 90% do lucro líquido em dividendos nos últimos exercícios”, lembra Martins, da Planner.

Primeira linha

Assim como há unanimidade em concentrar a carteira em ações de primeira linha, os setores considerados arriscados também são os mesmos. “Não vemos uma performance interessante entre os pequenos bancos, que estão com dificuldade de crédito”, afirma Alves, da Spinelli.

As construtoras, que têm enfrentado dificuldade desde o ano passado, também preocupam. “As ações perderam muita liquidez na Bolsa. Em relação ao negócio em si, muitas vendem para a classe média e alta, que está mais seletiva nas compras”, relata Martins.

Os especialistas lembram que as carteiras são indicadas para o longo prazo. “As sugestões mensais servem para o investidor fazer pequenos ajustes de acordo com as mudanças no cenário”, afirma o analista da Spinelli.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Corretora lista ações que podem subir de preço

As ações do setor bancário têm boas perspectivas de ganhos até o final do ano para os investidores que aplicam na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo um boletim divulgado nesta semana pela corretora Link Investimentos, Bradesco e Itausa têm perspectivas de valorização superior a 100% para aplicações até dezembro deste ano.

A estimativa da Link aponta que a ação preferencial do Bradesco, que reportou nesta segunda uma queda de 4,87% no lucro líquido em 2008, deve encerrar dezembro cotada a R$ 42, evolução de 101,9% sobre o valor da abertura de segunda (R$ 20,80).

Já as ações preferenciais da controladora do Itaú, a Itausa, devem fechar o ano, segundo a estimativa da corretora, em R$ 15,50, uma valorização de 111,7% sobre a abertura desta segunda (R$ 7,32).

Segundo análise da Link, a tendência de queda da taxa básica de juros (Selic) diminui diretamente o custo de captação dos bancos, mas o spread (diferença que chega ao consumidor) vai ser corrigido de forma mais lenta por causa do cenário de inadimplência, que deve crescer em 2009.

"Os dois já passaram por crises e souberem controlar a inadimplência. Além disso, a fusão Itaú-Unibanco deve gerar muitos ganhos de sinergia. Entre os grandes, o Banco do Brasil (BB) tem historicamente os piores índices de rentabilidade, precisa digerir as aquisições de bancos públicos e deve anunciar mais alguma em 2009. A estrutura do BB também é mais burocrática e sofre muita pressão do governo", explicou a corretora.

Outras ações com potencial de valorização próximo a 100% são do setor de transportes (ALL Logística) e de alimentação (Perdigão). No caso da ação ordinária da empresa de alimentos, a valorização estimada pelo boletim da corretora é de 75%, passando de R$ 32 para R$ 56.

De acordo com o analista Rafael Cintra, a carne de frango é uma das mais baratas e, em momento de turbulência e expectativa de queda na renda, o consumo deste tipo de carne sofre menos. Além disso, a empresa investiu também na parte de laticínios, em uma estratégia de diversificação.

"O negócio de carne sempre tem as barreiras sanitárias, que é um risco presente. A diversificação reduz a exposição a este problema. Se o mercado fechar para os produtos brasileiros, o impacto na Perdigão vai ser menor que na Sadia", afirmou Cintra.

Já no caso do papel unitário da ALL a previsão é de ganhos de 81,8%, com a ação partindo de R$ 8,80 para R$ 16, em dezembro. A analista do setor de logística Maria Tereza Azevedo aponta a crescente migração dos transportes rodoviários para ferroviários e a grande liquidez dos papéis como diferenciais da companhia.

"As linhas ferroviária são mais interessantes para médias e longas distâncias. Este tipo de transporte tem apresentado crescimento forte, acima do mercado. A ALL deve continuar crescendo a taxas elevadas até encontrar uma harmonia na matriz de transportes. Em 2009, espera-se um crescimento de 10% no volume transportado", disse.

Segundo Cintra, a corretora se baseia em informações do fluxo de caixa, dos demonstrativos financeiros, de conversas com a empresa e entidades do setor para projetar um lucro para frente e remeter o para o final de 2009.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A escolha entre o aluguel e o financiamento

Com a redução do ritmo de negócios no mercado de imóveis, mas ao mesmo tempo o aumento do custo dos financiamentos, investidores se perguntam se o momento atual é propício para deixar de morar de aluguel. “A princípio, o brasileiro tem uma necessidade de ter uma casa própria, mas nem sempre é o melhor negócio”, defende o professor de finanças Ricardo Rocha, do Ibmec São Paulo.

Para o diretor da consultoria imobiliária FPS, Alexandre Pádua, o primeiro passo antes da tomada da decisão é comparar o valor pago de aluguel e o da prestação do financiamento. “Se a prestação for próxima ou menor que o aluguel, o financiamento torna-se interessante”, pondera. Às vezes, é melhor continuar morando de aluguel porque quanto maior a entrada, menor é o pagamento de juros. “Quanto mais dinheiro o interessado conseguir economizar para dar de entrada, menor será o juro e melhor a compra”, diz.

Para se ter uma idéia, para financiar um imóvel de R$ 220 mil – algo em torno de 70 metros quadros, dois quartos e uma vaga na Pompéia, na zona Oeste de São Paulo - é preciso dispor de R$ 44 mil – já que a maioria dos bancos só empresta 80% do valor. Em um financiamento de 15 anos, com taxa de juros de 11,5% ao ano, a prestação ficaria em R$ 2.701, dinheiro suficiente para pagar o aluguel de uma unidade semelhante (cerca de R$ 1,3 mil por mês) e economizar R$ 1,4 mil ao mês para aumentar o valor de entrada.

Nesta hipótese, depois de um ano, o interessado teria R$ 60 mil para dar de entrada, o que faria a prestação cair para R$ 2,45 mil. Vale lembrar que depois de 12 meses, se os valores do aluguel e do imóvel fossem mantidos, ainda valeria a pena continuar no aluguel e ir aumentando a poupança.

Veja nosso simulador e faça sua comparação aqui

Mas ter uma grande quantia para dar de entrada no financiamento ou mesmo pagar o imóvel à vista nem sempre significa que a aquisição ainda é o melhor negócio. Rocha dá um exemplo de compra desvantajosa: “Supondo que um comprador possua R$ 500 mil e aplique em investimentos conservadores com juro de 10% ao ano, teria R$ 50 mil de rendimento ao ano”, calcula. Mesmo com o Imposto de Renda, ele irá possuir uma renda mensal de R$ 3.020. “Com R$ 1.500, ele já consegue alugar um bom imóvel e ainda sobra um rendimento”, diz.

Segundo a última pesquisa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), em novembro, o aluguel de um apartamento de três dormitórios foi de, em média, R$ 1.537,69, na zona E da capital paulista, que inclui bairros como Paraíso, Pinheiros e Vila Mariana.

Fatores pessoais

Quem está na dúvida entre as duas opções ainda deve dimensionar a real necessidade de comprar determinados imóveis. “Vejo muitos recém-casados financiando imóveis maiores do que precisam porque pensam que a família vai crescer um dia”, exemplifica Rocha.

O recomendado, segundo o especialista, é pagar menos e poupar mais. “O casal poderia adquirir um imóvel menor em menos tempo. Em geral, os casais ainda demoram alguns anos para ter filhos. Quando isso ocorrer, eles podem já ter feito uma poupança e comprar um imóvel ainda maior do que o pensado anteriormente”, afirma.

Segundo especialistas, há ainda o erro de comprar um imóvel em um local distante. “O comprador compara o valor do aluguel com a prestação e vê que é possível financiar o bem, mas se esquece de levar em conta que o imóvel que cabe no bolso fica a 25 quilômetros do trabalho e ele terá outros gastos com transporte a partir da compra”, diz Rocha.

Renda

Nesses tempos de crise, outra questão importante e não comprometer grande parcela da renda com financiamentos. Atualmente, a família pode comprometer entre 25% e 30% da renda no pagamento mensal das parcelas. Para Rocha, porém, essa porcentagem deveria representar todos os financiamentos e não somente o imobiliário. “O pagamento do imóvel deve representar no máximo 20% da renda”, aconselha o professor do Ibmec São Paulo.

Ele ainda lembra que quem optar por financiar o imóvel deve depender o mínimo possível da renda de outras pessoas da família. “É difícil controlar os gastos que não são seus. Em um mês a pessoa pode se descontrolar e comprometer o pagamento”, diz.

terça-feira, janeiro 27, 2009

A estratégia de poupar

da AE Investimentos

O poupador ativo tem à disposição, atualmente, um leque crescente de alternativas de investimento: fundos de renda fixa e de renda variável, ações com diferentes perfis, CDBs, Tesouro Direto, imóveis.

A busca furiosa pela melhor rentabilidade, porém, pode dar pouco resultado, se não for precedida por um sólido planejamento financeiro. “É de um bom planejamento, com definição clara de objetivos, prazos e recursos disponíveis, que sai a estratégia financeira a ser seguida”, explica o consultor de finanças e empreendedorismo José Carlos Dornelas.

Especialistas em finanças detectam enganos muito comuns nessa etapa anterior à definição da estratégia financeira. Um deles é a ausência de metas claras, realistas e relevantes (ou seja, que façam diferença na vida do poupador). “Muitos investidores pensam em termos de números mágicos, como o famoso R$ 1 milhão, em vez de definir objetivos concretos”, alerta o consultor financeiro Caio Torralvo. Outra falha bastante comum é a avaliação inadequada do próprio perfil de investidor.

O servidor público Luís Fernando Costa, por exemplo, gostaria de aplicar mais em ações. Ao mesmo tempo, teme fazer investimentos mais ousados, por estar vivendo em Dourados (MS), onde, acredita, tem menor acesso a informação do que em sua cidade natal, o Rio de Janeiro.

Torralvo elogia a prudência de Costa, mas lista diversos fatores que deveriam incentivar o investidor a assumir mais risco neste momento: Costa não tem dependentes, possui renda regular e está vivendo numa cidade com custo de vida menor que o do Rio (para onde pretende voltar um dia). O mercado está em baixa e acesso a informação não é problema, graças à internet. “Quem não tem filhos precisa aproveitar esse momento da vida, que passa, para investir mais”, diz Torralvo.

O momento atual, em que ações parecem baratas, dificulta a tarefa dos poupadores (principalmente aqueles mais tolerantes com a renda variável) de definir o nível de risco razoável para seu perfil. O médico Marcos Ishi tem essa dúvida. “Com a queda da Bolsa, talvez seja este o momento para arriscar mais”, avalia.

A lógica do investidor é impecável, mas, novamente, um especialista recomenda ponderação. Ishi tem dois filhos pequenos e não possui renda regular, já que ele e sua mulher são profissionais autônomos. “Os filhos terão demanda de consumo crescente”, adverte o professor de finanças George Ohanian, da Business School São Paulo. “O investidor precisa garantir uma reserva de segurança em renda fixa, com alta liquidez, equivalente a pelo menos seis meses de despesa da família.” Além disso, precisa proteger o patrimônio que já conquistou.

A economista Rita Mundim, entusiasta de ações, recomenda que pessoas com filhos e mais de 30 anos de idade preservem 70% de seu capital na renda fixa e confiem na renda variável apenas para gastos de longo prazo.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Um momento histórico para o mundo

Permita-me fazer um aposto nos comentários econômicos que faço diariamente neste blog para poder falar deste momento inédito na política internacional. É o momento Barack Obama. Um negro que venceu com muito estudo e que será o que quase ninguém previa que iria acontecer ao menos neste século. Obama é o espelho para todos, negros em especial, e um exemplo que o povo dos Estados Unidos deu ao mundo.
Deram uma chance para aqueles que têm condições de colocar a vida nos eixos.
Mostrar que caminhos da excelência existem e não é preciso ser guiado pelo dinheiro, mas sim ser sóbrio e inteligente para encontrar justiça e liberdade de ação para ajudar o próximo.

Este é o ano da atitude. É o ano dos que necessitam retomar suas vidas, depois de desequilíbrios. É momento para você, cidadão comum, fazer história como Barack Obama fez ao ser eleito presidente da nação com maior poder de decisão sobre a vida das pessoas no mundo.

Isso é um exemplo para o Brasil, país onde grande parte da população é feita de negros, que não tem oportunidade para mostrar seu talento, mostrar que pode ser parte integrante de um mundo onde as pessoas com inteligência não distinguem cor e sim seu caráter e sua atitude perante ao outro ser humano.

Sim, nós podemos. É a frase certa para todos que estão dispostos a ser alguém na vida. É frase para quem está desestimulado com a vida. Que ainda não recebeu a oportunidade desejada, mas está próximo.

Rezem, peçam para Deus iluminar suas vidas e não olhem para trás. Façam o que é melhor para vocês dentro das possibilidades imagináveis. Sejam bons, sejam energéticos, tenham atitude, demonstrem compaixão para com o próximo, sem ser idiota é claro.

Desejem união entre os povos do mundo. De respeito e pelo fim das expectativas, no qual pessoas morreram em prol deste momento. Vamos rezam para a esperança vencer o medo.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Analistas não recomendam ações de empresas petroquímicas

A indústria petroquímica nacional ingressa em 2009 com as mesmas incertezas que a crise econômica gerou para os demais setores, porém há fatores específicos que engrossam a lista de preocupações desse segmento e ampliam as dúvidas quanto ao desempenho do setor neste ano.

Além da redução da demanda causada pelo agravamento da crise mundial e a variação do câmbio, fatores determinantes para todas as indústrias brasileiras, outras duas variáveis devem ditar o ritmo de negócios das petroquímicas brasileiras: variação do preço do petróleo e aumento da oferta mundial de petroquímicos. Essa combinação de fatores, aliada ao início do ciclo de baixa da petroquímica mundial, leva analistas a descartarem as ações do setor como um investimento atrativo para este ano.

O ano de 2009 dará início a um período de redução nas margens das petroquímicas que deverá durar até 2011 ou 2012, segundo previsões de analistas e direção de grandes empresas brasileiras, Braskem e Unipar. Esse cenário, considerado preocupante mas já previsto pelo mercado, ficou ainda mais adverso com o agravamento da crise da economia mundial. A redução da atividade econômica global resultou em retração na demanda por petroquímicos básicos e resinas termoplásticas. Para fazer frente à nova conjuntura do mercado, as duas companhias anunciaram medidas de redução de produção.

A Braskem paralisou duas de suas quatro linhas de produção de eteno. Com isso, passou a operar com 55% da capacidade instalada. A decisão também se refletiu no volume de produção de polietilenos (PE) e de polipropileno (PP). A Quattor, empresa controlada pela Unipar, por sua vez, concedeu férias coletivas temporárias a funcionários de unidades de PP. As medidas visam a contribuir para a redução nos níveis dos estoques na cadeia.

Aumento da oferta

Mas essas medidas podem ter impacto limitado diante do cenário de aumento de oferta que se desenha, tanto no Brasil quanto no exterior. Em território brasileiro, a capacidade de produção de petroquímicos básicos (casos de eteno e propeno) crescerá com a conclusão da expansão da Petroquímica União (PQU), empresa que compõe a Quattor. Juntamente a essa expansão, haverá aumento de oferta de polietilenos (pela Polietilenos União) e polipropileno (Quattor Petroquímica). Além disso, a Braskem realizou paradas para manutenção nas duas centrais petroquímicas ao longo de 2008 e já opera com níveis mais altos de produtividade.

No mercado internacional, o aumento de capacidade ocorrerá principalmente no Oriente Médio e na Ásia, onde a oferta de eteno deverá crescer de 8 milhões a 10 milhões de toneladas entre 2009 e 2010, segundo estimativa da Bradesco Corretora. E esse aumento da capacidade mundial, de aproximadamente 7%, chegará em um momento de crise. "O que era para ser um ciclo de baixa suave deve ser um ciclo de baixa entre os mais profundos dos últimos tempos", afirma o analista Auro Rozenbaum, da Bradesco, para quem este não é o momento de se investir no setor.

Outro agravante, continua Rozenbaum, é o fato de a oscilação das ações das petroquímicas estar fundamentada no cenário de negócios do setor, e não na evolução do Ibovespa. "Tradicionalmente, as ações acompanham os ciclos, por isso não é hora para o setor agora", diz. O cenário deve começar a melhorar apenas a partir de 2010, dizem os analistas que acompanham o setor.

Para fazer frente às dificuldades previstas no novo ciclo de baixa, a petroquímica brasileira ganhou novas formas: a Braskem adquiriu os ativos petroquímicos do grupo Ipiranga e a Unipar uniu suas empresas com atuação nesse segmento com a Petrobras, que havia comprado a Suzano Petroquímica, criando a Quattor. Em seguida, Braskem e Quattor intensificaram negociações com a Petrobras para que a estatal revisse sua política de preços - a Petrobras é a única fornecedora nacional de nafta, insumo que dá origem aos petroquímicos básicos. Mas as empresas ainda não chegaram a um consenso.

Preços


A principal crítica ao modelo adotado pela Petrobras é a demora com que os preços internos se ajustam aos valores praticados no exterior, uma vez que a estatal leva um mês para repassar as variações da nafta registradas no mercado europeu. E como os preços estão em queda, os fabricantes brasileiros têm operado com custo de produção superior ao dos concorrentes de outras regiões do mundo.

A mesma tendência de queda de preços é vista nas resinas. Por isso, espera-se que fábricas menos competitivas não consigam se manter em operação. "As novas unidades vão fechar a produção das pequenas fábricas", destaca Rozenbaum.

A derrocada nos preços das resinas, além de refletir os novos valores do petróleo e da nafta - cujos preços caíram de mais de US$ 1.100 em julho para menos de US$ 300 este mês na Europa -, também confirma a retração do consumo mundial. "A demanda se contraiu e novos ajustes de preços devem ocorrer em 2009", afirma o analista-chefe da Link Investimentos, Andres Kikuchi. Segundo projeções da Tendências Consultoria, o consumo aparente de resinas termoplásticas no Brasil deve apresentar crescimento de 4,2% em 2009 sobre 2008, ritmo três vezes inferior ao registrado este ano, quando o consumo deve registrar alta de 12,4%.

Em contrapartida, a valorização do dólar sobre o real beneficia as petroquímicas. As exportações se tornam mais competitivas e as importações, menos atrativas. Mas isso não significa que os transformadores plásticos deixarão de comprar resinas no exterior, segundo Kikuchi. "O mercado brasileiro é atrativo, e mesmo com um real mais fraco, os produtos importados são muito competitivos", diz. Devido à retração da demanda mundial, é provável que as petroquímicas estrangeiras olhem para o Brasil como um novo mercado para seus produtos.

Para os analistas que acompanham o setor, a melhor opção no mercado de capitais são as ações da Braskem. "O momento do setor não é benéfico para 2009, mas para quem deseja uma carteira diversificada, a Braskem é uma opção", afirma o analista da Coinvalores, Marco Saravalle. "Entre Unipar e Braskem, preferimos a segunda, em função do porte da empresa e da posição de liderança no mercado local", destaca a Fator Corretora em relatório.

Ultrapar


A outra empresa do setor químico com ação listada na Bolsa de Valores de São Paulo é a Ultrapar, que em menos de 20 meses, a partir de março de 2007, adquiriu a rede de combustíveis da Ipiranga e a marca Texaco. Com isso, tornou-se vice-líder de um mercado no qual não atuava até então. "Essas aquisições dão estabilidade de fluxo de caixa à companhia, que passa a ter um novo panorama", ressalta Kikuchi.

Além de ser uma empresa com receita líquida anual de quase R$ 30 bilhões, a Ultrapar atua em segmentos promissores, como a distribuição de combustíveis e GLP. "A Ultrapar vai ter sempre um crescimento mais gradual, mas um crescimento mais esperado", afirma o analista da Link. Em momentos de incertezas, empresas mais previsíveis são mais bem vistas pelos investidores.

Apesar disso, Saravalle, da Coinvalores, não acredita que as ações da Ultrapar sejam um bom investimento em 2009. Como grande parte da receita é proveniente da venda de combustíveis, a desaceleração nos indicadores de vendas de automóveis pode repercutir negativamente nos papéis. "No curto prazo, há um fator de redução nas vendas, mas a Ultrapar é um ativo interessante no longo prazo, após 2009", destaca.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

As ações que perderam espaço em 2008

Crise financeira internacional, aperto de crédito e fuga de estrangeiros fizeram de 2008 um marco na quebra do ciclo de consecutivas altas da Bolsa paulista. As baixas das ações foram generalizadas. Alguns papéis, porém, tiveram um desempenho bem pior que a média do mercado. Enquanto o principal índice de ações brasileiro – o Ibovespa – acumula queda de aproximadamente 37% no ano, os chamados “micos” chegaram a despencar mais de 60%.

As ações no vermelho não são só aquelas de fora do índice. Segundo levantamento da Economática, dentro do Ibovespa, as ações da B2W, Sadia, Cyrela Realty e Duratex apresentaram as maiores baixas, todas acima de 60%, até o fechamento de ontem. Lojas Renner registrou queda um pouco menor (aproximadamente – 53%), mas, mesmo assim, bem acima do Ibovespa.

As cinco empresas haviam exibido grande valorização em 2007, que variou entre 19% e 45%. Em 2008, tanto o cenário econômico negativo quanto algumas trapalhadas das companhias contribuíram para o resultado ruim para o investidor.

“O mercado vendeu as ações da B2W, já antecipando possíveis resultados negativos no balanço do quarto trimestre”, diz Peter Ho. Apesar de a empresa afirmar que seu público pertence às classes A e B, para Ho, os consumidores da companhia são sensíveis à restrição ao crédito. Com o dinheiro mais caro na praça, a tendência é que os compradores optem por adquirir produtos parcelados em mais vezes. Assim, as redes varejistas se tornariam grandes competidoras dos portais de compra.

Além disso, o analista acredita que no setor há certo canibalismo. “A B2W atua através da Americanas.com, Shoptime e Submarino. Perdeu-se um pouco da identidade da empresa”, avalia. “Há muito canibalismo no setor e o que se percebe é que há uma migração muito grande de consumidores entre os sites, mas pouco crescimento bruto de público”, completa.

Sadia PN (-62,71%)
Sadia registrou prejuízo de R$ 760 mi com derivativos

Os problemas que atingiram a Sadia não foram exclusivos da empresa, mas a companhia foi uma das que saíram com maior prejuízo. A Sadia investiu em derivativos de câmbio, apostando na queda, para, segundo ela, se proteger da variação do dólar. Com a alta expressiva da moeda, o resultado foi o inverso.

Houve um prejuízo de R$ 760 milhões, que não foi bem visto pelo mercado. “A partir daí houve uma venda em massa das ações”, relata o analista Peter Ping Ho, da corretora Planner. Para os especialistas, o prejuízo, além de afetar o caixa, comprometeu a atividade da empresa. “A atitude comprometeu a atividade da empresa para os próximos meses”, avalia.

Cyrela Realty ON (-61,79%)

A Cyrela Realty não foi a única do setor de construção civil a sofrer grandes perdas na Bolsa paulista. “Com o aumento da preocupação quanto ao futuro das vendas das construtoras, as empresas do segmento diminuíram o ritmo de lançamentos e revisaram as projeções”, afirma a equipe de análise da corretora Banif.

A companhia diminuiu a previsão de lançamentos e vendas no ano de R$ 7 bilhões para um valor entre R$ 5,25 bilhões a R$ 5,6 bilhões. A meta de vendas também foi cortada de R$ 5,5 bilhões para entre R$ 4,675 bilhões e R$ 4,95 bilhões. “Também contribuiu para a queda o fato de as ações estarem concentradas nas carteiras dos estrangeiros, que em 2008, se desfizeram de muitos papéis líquidos da Bovespa”, avalia a equipe da Banif. Na abertura de capital em 2005 (IPO na sigla em inglês), 72% das ações foram vendidas para estrangeiros.

Crise fez companhia diminuir a previsão de lançamentos e vendas

“A somatória de fatores criou uma expectativa negativa para a empresa e um cenário nítido de desaceleração no setor como um todo”, diz a corretora Banif. “Há uma leitura no mercado de que o resultado do quarto trimestre, anunciado no início de 2009, trará vendas fracas.”

Duratex PN (-60,08%)

A Duratex teve dois problemas em 2008. No primeiro semestre, quando o preço do petróleo subiu à casa de US$ 150, os custos de produção da fabricante de produtos de madeira, louça e metais sanitários aumentaram, já que algumas das matérias-primas utilizadas pela empresa são a resina de uréia (derivado de petróleo) e o gás natural.

Na segunda metade do ano, o que pesou sobre as ações da companhia foi a preocupação com o setor de construção civil. O vice-presidente da Duratex informou que as obras que já estão em andamento garantem a demanda de produtos da Deca (divisão da empresa) por mais um ou dois anos. O segmento corresponde a apenas 20% das vendas. Segundo o executivo, a demanda por parte de revendas e reformas, porém, pode sofrer impactos maiores da crise.

Com o negócio diretamente relacionado com o setor imobiliário brasileiro, a Duratex não tem um cenário tão favorável nos próximos meses, já que várias empresas de construção anunciaram redução no número de lançamentos.

Lojas Renner ON (-52,81%)
Desistência de compra de outra varejista prejudicou ações da Lojas Renner

Desistir da compra de uma concorrente custou caro para a Lojas Renner. No início do ano, a rede varejista anunciou o início do processo de compra da Lojas Leader, do Rio de Janeiro. O objetivo era aumentar a participação da companhia nos segmentos da classes C e D.

Com o avanço da crise, a empresa voltou atrás e, em outubro, informou que o negócio não iria mais sair. “O planejamento estratégico da empresa contava com a aquisição. A estratégia dela acabou praticamente”, lembra o analista Peter Ho, que ressalta que a previsão de vendas foi revisada para baixo.

“O mercado também antecipou um possível resultado negativo no quarto trimestre, caso haja redução nas vendas durante a época do Natal”, explica. Por enquanto, o aperto de crédito ainda não atingiu os negócios da empresa, mas há uma expectativa de que o ritmo de vendas diminua.

Ações de longo prazo requer exercício da paciência

Ser paciente e investir de olho no longo prazo são as principais recomendações dos especialistas para quem investe em ações. Mas se engana quem pensa que essa sugestão signifique que o investidor deva comprar ações e só voltar a olhar a carteira no momento da venda - depois de, no mínimo, um ano. “É preciso ter uma visão de longo prazo, mas uma gestão de curto”, ensina o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Alexandre Assaf Neto.

Neto é adepto de uma das recomendações do megainvestidor norte-americano Warren Buffett – detentor da maior fortuna do mundo, de US$ 62 bilhões, de acordo com a revista Forbes. Buffett diz que o investidor deve rever seu portfólio e fazer um giro anual entre 10% e 20% dos papéis em carteira. A estratégia faria com que o acionista trocasse todas ações num prazo entre cinco e dez anos. “A idéia de que se deve comprar uma ação e levá-la para o túmulo é equivocada”, reforça o professor Neto.

Se fazer a gestão de uma carteira fosse somente escolher os papéis para compra, o trabalho das consultorias de investimentos seria bem mais fácil. “A premissa básica é investir no longo prazo, mas balanceamos a carteira a cada seis meses, sempre adequando a carteira à estratégia do investidor”, explica o sócio da consultoria AZ Investimentos, Ricardo Zeno. Dentro da estratégia, o investidor pode, por exemplo, determinar um porcentual de rentabilidade que deseja obter com a ação. Quando atingir o lucro desejado, a recomendação é de venda.

Não há uma regra que determine quanto da carteira deve ser atualizada nas revisões. “Buffett recomenda até 20%, mas ele está em uma economia extremamente estável, apesar da crise”, pondera o professor de Mercados Financeiros Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios. “No Brasil, em que a instabilidade é maior, o giro deve ser ampliado. Aproximadamente um terço da carteira deve ser ajustado”, completa. Nesse ajuste, mesmo as ações mais líquidas, como Vale e Petrobras, podem ser vendidas.

Prejuízos e lucros


Prazo, perspectiva e porcentual dos papéis a serem vendidos são variáveis que devem ser levadas em consideração no momento de revisão da carteira. Os especialistas recomendam que o ajuste seja semestral, a partir da data de formação da carteira. Se o investidor fizer alterações em períodos menores, ignora a estratégia de longo prazo. “Deixa de ser investidor e se torna especulador”, afirma Zeno. Já se demorar um prazo maior, o cenário econômico poderá ter sofrido muitas modificações, o que dificulta avaliações, principalmente para os novatos.

Não há uma regra sobre quais papéis devem ser vendidos. “No momento de revisão, o acionista deve aprender a assumir prejuízos de papéis que podem cair ainda mais, e também a embolsar lucros, se no cenário futuro houver melhores investimentos”, ensina o sócio da AZ Investimentos. Assim, a perspectiva traçada para cada ação é fundamental no momento em que o investidor revê a carteira e decide o que vender.

Nessa estratégia, instrumentos que podem auxiliar o investidor são o stop loss e stop gain. No primeiro, o acionista estabelece um preço menor que o negociado num determinado momento. Se o papel cair e o valor for atingido, é disparada automaticamente uma ordem de venda, o que limita o prejuízo do investidor. No caso oposto, de alta do papel, o acionista pode utilizar o stop gain. Quando a ação sobe e alcança determinada cotação, o papel é vendido e o investidor embolsa o lucro.

Empresas e setores


Os especialistas recomendam que o investidor fique atento aos setores que compõem sua carteira de ações. “A carteira deve ter no mínimo quatro ações e um setor não deve representar mais que 50% da aplicação”, afirma Zeno. Não há consenso entre os profissionais de mercado sobre o número mínimo. Alguns falam em 12 ou até 20 papéis, o que dificultaria o acompanhamento.

A diversificação de setores é mais simples. O ideal é ter papéis de dois tipos de empresas: as influenciadas pela economia mundial, como produtoras de commodities (Petrobras e Vale, por exemplo), e as voltadas para o mercado doméstico. Assim, ao fazer a revisão da carteira, o investidor deve ajustar o porcentual dos setores. Caso uma ação se valorize muito e passe a ter um peso grande na carteira, o investidor pode vender, por exemplo, alguns papéis e distribuir o valor na compra de outros ativos.

Nesse segundo semestre de 2008, Zeno diz que as carteiras com exposição a setores ligados a commodities deveriam ter sido reduzidas. Havia perspectiva de que os preços das matérias-primas iriam despencar em decorrência da crise internacional.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Histórias de Ano Novo

Prima de minha esposa, Vanessa, funcionária da Polícia Federal, tem como hobby gastar por compução. Já entrou em 2009 no cheque especial e seu cartão de crédito está em vias de estourar.
Disse-me que em pouco tempo vai começar a pagar suas dívidas, mas que antes precisava fazer mais umas comprinhas... Resultado: vai ficar ao menos o primeiro semestre de 2009 pagando contas...