terça-feira, janeiro 27, 2009

A estratégia de poupar

da AE Investimentos

O poupador ativo tem à disposição, atualmente, um leque crescente de alternativas de investimento: fundos de renda fixa e de renda variável, ações com diferentes perfis, CDBs, Tesouro Direto, imóveis.

A busca furiosa pela melhor rentabilidade, porém, pode dar pouco resultado, se não for precedida por um sólido planejamento financeiro. “É de um bom planejamento, com definição clara de objetivos, prazos e recursos disponíveis, que sai a estratégia financeira a ser seguida”, explica o consultor de finanças e empreendedorismo José Carlos Dornelas.

Especialistas em finanças detectam enganos muito comuns nessa etapa anterior à definição da estratégia financeira. Um deles é a ausência de metas claras, realistas e relevantes (ou seja, que façam diferença na vida do poupador). “Muitos investidores pensam em termos de números mágicos, como o famoso R$ 1 milhão, em vez de definir objetivos concretos”, alerta o consultor financeiro Caio Torralvo. Outra falha bastante comum é a avaliação inadequada do próprio perfil de investidor.

O servidor público Luís Fernando Costa, por exemplo, gostaria de aplicar mais em ações. Ao mesmo tempo, teme fazer investimentos mais ousados, por estar vivendo em Dourados (MS), onde, acredita, tem menor acesso a informação do que em sua cidade natal, o Rio de Janeiro.

Torralvo elogia a prudência de Costa, mas lista diversos fatores que deveriam incentivar o investidor a assumir mais risco neste momento: Costa não tem dependentes, possui renda regular e está vivendo numa cidade com custo de vida menor que o do Rio (para onde pretende voltar um dia). O mercado está em baixa e acesso a informação não é problema, graças à internet. “Quem não tem filhos precisa aproveitar esse momento da vida, que passa, para investir mais”, diz Torralvo.

O momento atual, em que ações parecem baratas, dificulta a tarefa dos poupadores (principalmente aqueles mais tolerantes com a renda variável) de definir o nível de risco razoável para seu perfil. O médico Marcos Ishi tem essa dúvida. “Com a queda da Bolsa, talvez seja este o momento para arriscar mais”, avalia.

A lógica do investidor é impecável, mas, novamente, um especialista recomenda ponderação. Ishi tem dois filhos pequenos e não possui renda regular, já que ele e sua mulher são profissionais autônomos. “Os filhos terão demanda de consumo crescente”, adverte o professor de finanças George Ohanian, da Business School São Paulo. “O investidor precisa garantir uma reserva de segurança em renda fixa, com alta liquidez, equivalente a pelo menos seis meses de despesa da família.” Além disso, precisa proteger o patrimônio que já conquistou.

A economista Rita Mundim, entusiasta de ações, recomenda que pessoas com filhos e mais de 30 anos de idade preservem 70% de seu capital na renda fixa e confiem na renda variável apenas para gastos de longo prazo.