quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Corretoras usam cautela na compra de ações

Passado o primeiro mês do ano de euforia nas bolsas – depois da forte expectativa de mudanças na economia com a posse de Barack Obama -, as corretoras começaram fevereiro com recomendações mais cautelosas.

As carteiras sugeridas para este mês trazem ações de setores tradicionais, como bancos, além de Petrobras e Vale. As empresas boas pagadoras de dividendos, como Ambev e Cemig, também estão na lista “top ten” das corretoras. Poucas carteiras se arriscam a fugir desses setores. As que mudam os segmentos apostam em empresas voltadas ao mercado interno.

Unânime nas recomendações, as ações preferenciais da Petrobras são as únicas que aparecem em todas as carteiras em fevereiro. A aprovação do pacote de ajuda para a infraestrutura por Obama foi o motivo encontrado pela SLW para indicar os papéis da petrolífera. “A ajuda pode trazer um ânimo de curto prazo aos mercados”, diz o relatório da corretora. “As ações da companhia podem ser beneficiadas com o retorno do investidor estrangeiro.”

Confira as carteiras de dividendos das corretoras

Para o analista da corretora Spinelli Jayme Alves, o cenário ainda conturbado exige aplicações somente em ações de primeira linha, como bancos. “É esperado um aumento da inadimplência, mas, mesmo assim, os grandes bancos nacionais devem apresentar resultados melhores do que o dos estrangeiros”, avalia Alves.

Vale

As ações preferenciais série A da Vale aparecem em cinco das sete carteiras recomendadas. Para a Planner, por exemplo, uma das corretoras que ainda não sugere o investimento nesses papéis, o momento ainda é de muita volatilidade. “Apesar das notícias de que os estoques na China estão baixos e da melhora das compras das siderúrgicas, em abril a Vale anuncia os novos preços dos contratos com empresas chineses e pode haver surpresas negativas. Preferimos esperar até lá”, sugere o gerente de pesquisas da Planner Corretora Ricardo Martins.

O setor siderúrgico, que trouxe grandes perdas às carteiras no segundo semestre de 2008 voltou a ganhar mais peso nas sugestões para fevereiro. “Em janeiro, Usiminas tinha peso de 5% na carteira. Aumentamos para 10% em decorrência da melhora no setor e ao fato de a Usiminas ser voltada ao mercado interno”, diz o gerente da Planner.

Nas carteiras recomendadas de fevereiro, as ações blue chips mesclam-se com as de companhias boas pagadoras de dividendos. “Sugerimos algumas elétricas, mas também Redecard. A empresa distribuiu 90% do lucro líquido em dividendos nos últimos exercícios”, lembra Martins, da Planner.

Primeira linha

Assim como há unanimidade em concentrar a carteira em ações de primeira linha, os setores considerados arriscados também são os mesmos. “Não vemos uma performance interessante entre os pequenos bancos, que estão com dificuldade de crédito”, afirma Alves, da Spinelli.

As construtoras, que têm enfrentado dificuldade desde o ano passado, também preocupam. “As ações perderam muita liquidez na Bolsa. Em relação ao negócio em si, muitas vendem para a classe média e alta, que está mais seletiva nas compras”, relata Martins.

Os especialistas lembram que as carteiras são indicadas para o longo prazo. “As sugestões mensais servem para o investidor fazer pequenos ajustes de acordo com as mudanças no cenário”, afirma o analista da Spinelli.