sábado, julho 19, 2008

Analistas ainda crêem na recuperação da Bovespa

Desde seu recorde histórico, aos 73.516 pontos, atingido com a euforia pelo grau de investimento, em 20 de maio de 2008, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), já perdeu pouco mais de 18% até o fechamento da última sexta-feira, quando atingiu 59.998 pontos. Apesar da forte queda, os analistas recomendam aos investidores que mantenham seu dinheiro na Bovespa até que a turbulência acabe.

Nesse caso, a orientação é para que a manutenção do investimento na bolsa até que o índice atinja um nível que, pelo menos, recupere o valor inicial aplicado.

Segundo Paulo Roberto da Silva, da corretora Planner, uma das regras para a aplicação em bolsas de valores é nunca vender ações quando elas estão em baixa. "(A bolsa) é uma prática que o brasileiro ainda não se acostumou e vai demorar pra se acostumar. Ele encara a bolsa como um local de oportunidade rápida. E ela não é. Ou ele começa a enxergar a bolsa como algo a longo prazo ou não vai funcionar pra ele", explicou.

A opinião é compartilhada pelo analista da Alpes Corretora Fausto Gouveia. "(Eu recomendo aos investidores) que mantenham a calma. Pois, a bolsa está passando por turbulência. Não tem porque se desesperar e sair vendendo tudo. Aos poucos o cenário deve se acalmar. Eu vejo a bolsa no final do ano a 75 mil pontos", explicou.

Para Silva, da Planner, o investimento em ações se compara a um patrimônio. "Você comprou um patrimônio de uma empresa sólida, como Petrobras e Vale, e não vai se desfazer disso. São empresas vencedoras. No caso da Petrobras, se elas (as ações) já valeram R$ 52, com o barril (de petróleo) a US$ 110, porque ela está valendo R$ 38 com o petróleo a US$ 145? Sempre vai ter crise. Eu já vivi 36 anos no mercado. Via de regra, o valor das ações se recupera", afirmou.

De acordo com Fausto Gouveia, os bons fundamentos das empresas donas dos papéis mais negociados no mercado - Petrobras e Vale do Rio Doce - devem trazer mais estabilidade ao mercado a partir da divulgação dos balanços.

"Os balanços de Vale, Petrobras, bancos e siderúrgicas, todos devem vir bons e até, possivelmente, proporcionar uma descolada da bolsa do comportamento do exterior. A bolsa uma é boa opção, pois os bons fundamentos devem prevalecer", afirmou.

Recomendações
Para os especialistas, o investimento deve se adequar ao perfil de cada pessoa. Clodoir Vieira, economista-chefe da Souza Barros, diz que não é prudente colocar todo o patrimônio em bolsas de valores. "Se a pessoa estiver ainda com resultado positivo, eu tenho dito para tirar pelo menos 50% da carteira e migrar para renda fixa, aproveitando os juros, que estão subindo", afirmou.

Segundo ele, outro fator a ser levado em consideração é quando o dinheiro que está investido terá que ser usado. "Tudo depende se a pessoa vai precisar do dinheiro no curto prazo. Se puder deixar (na bolsa) por 12, 18 meses, eu digo pra não sair. Mas, se você vai precisar do dinheiro em novembro e estiver com poucos ganhos ou no zero a zero, eu digo saia e não corra mais riscos", explicou.

A tese foi citada também pelo assessor da Planner. "É errado colocar o recurso que você vai precisar no curto prazo na bolsa. Isso é dinheiro de poupança. Porque as empresas estão sujeitas a uma série de oscilações da economia mundial. Hoje, nós passamos por uma crise longa, de liquidez, que afeta a maior economia do mundo. Então isso vai ter reflexos nas ações da empresas, principalmente de uma economia emergente como o Brasil", afirmou.