quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Corretora lista ações que podem subir de preço

As ações do setor bancário têm boas perspectivas de ganhos até o final do ano para os investidores que aplicam na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo um boletim divulgado nesta semana pela corretora Link Investimentos, Bradesco e Itausa têm perspectivas de valorização superior a 100% para aplicações até dezembro deste ano.

A estimativa da Link aponta que a ação preferencial do Bradesco, que reportou nesta segunda uma queda de 4,87% no lucro líquido em 2008, deve encerrar dezembro cotada a R$ 42, evolução de 101,9% sobre o valor da abertura de segunda (R$ 20,80).

Já as ações preferenciais da controladora do Itaú, a Itausa, devem fechar o ano, segundo a estimativa da corretora, em R$ 15,50, uma valorização de 111,7% sobre a abertura desta segunda (R$ 7,32).

Segundo análise da Link, a tendência de queda da taxa básica de juros (Selic) diminui diretamente o custo de captação dos bancos, mas o spread (diferença que chega ao consumidor) vai ser corrigido de forma mais lenta por causa do cenário de inadimplência, que deve crescer em 2009.

"Os dois já passaram por crises e souberem controlar a inadimplência. Além disso, a fusão Itaú-Unibanco deve gerar muitos ganhos de sinergia. Entre os grandes, o Banco do Brasil (BB) tem historicamente os piores índices de rentabilidade, precisa digerir as aquisições de bancos públicos e deve anunciar mais alguma em 2009. A estrutura do BB também é mais burocrática e sofre muita pressão do governo", explicou a corretora.

Outras ações com potencial de valorização próximo a 100% são do setor de transportes (ALL Logística) e de alimentação (Perdigão). No caso da ação ordinária da empresa de alimentos, a valorização estimada pelo boletim da corretora é de 75%, passando de R$ 32 para R$ 56.

De acordo com o analista Rafael Cintra, a carne de frango é uma das mais baratas e, em momento de turbulência e expectativa de queda na renda, o consumo deste tipo de carne sofre menos. Além disso, a empresa investiu também na parte de laticínios, em uma estratégia de diversificação.

"O negócio de carne sempre tem as barreiras sanitárias, que é um risco presente. A diversificação reduz a exposição a este problema. Se o mercado fechar para os produtos brasileiros, o impacto na Perdigão vai ser menor que na Sadia", afirmou Cintra.

Já no caso do papel unitário da ALL a previsão é de ganhos de 81,8%, com a ação partindo de R$ 8,80 para R$ 16, em dezembro. A analista do setor de logística Maria Tereza Azevedo aponta a crescente migração dos transportes rodoviários para ferroviários e a grande liquidez dos papéis como diferenciais da companhia.

"As linhas ferroviária são mais interessantes para médias e longas distâncias. Este tipo de transporte tem apresentado crescimento forte, acima do mercado. A ALL deve continuar crescendo a taxas elevadas até encontrar uma harmonia na matriz de transportes. Em 2009, espera-se um crescimento de 10% no volume transportado", disse.

Segundo Cintra, a corretora se baseia em informações do fluxo de caixa, dos demonstrativos financeiros, de conversas com a empresa e entidades do setor para projetar um lucro para frente e remeter o para o final de 2009.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A escolha entre o aluguel e o financiamento

Com a redução do ritmo de negócios no mercado de imóveis, mas ao mesmo tempo o aumento do custo dos financiamentos, investidores se perguntam se o momento atual é propício para deixar de morar de aluguel. “A princípio, o brasileiro tem uma necessidade de ter uma casa própria, mas nem sempre é o melhor negócio”, defende o professor de finanças Ricardo Rocha, do Ibmec São Paulo.

Para o diretor da consultoria imobiliária FPS, Alexandre Pádua, o primeiro passo antes da tomada da decisão é comparar o valor pago de aluguel e o da prestação do financiamento. “Se a prestação for próxima ou menor que o aluguel, o financiamento torna-se interessante”, pondera. Às vezes, é melhor continuar morando de aluguel porque quanto maior a entrada, menor é o pagamento de juros. “Quanto mais dinheiro o interessado conseguir economizar para dar de entrada, menor será o juro e melhor a compra”, diz.

Para se ter uma idéia, para financiar um imóvel de R$ 220 mil – algo em torno de 70 metros quadros, dois quartos e uma vaga na Pompéia, na zona Oeste de São Paulo - é preciso dispor de R$ 44 mil – já que a maioria dos bancos só empresta 80% do valor. Em um financiamento de 15 anos, com taxa de juros de 11,5% ao ano, a prestação ficaria em R$ 2.701, dinheiro suficiente para pagar o aluguel de uma unidade semelhante (cerca de R$ 1,3 mil por mês) e economizar R$ 1,4 mil ao mês para aumentar o valor de entrada.

Nesta hipótese, depois de um ano, o interessado teria R$ 60 mil para dar de entrada, o que faria a prestação cair para R$ 2,45 mil. Vale lembrar que depois de 12 meses, se os valores do aluguel e do imóvel fossem mantidos, ainda valeria a pena continuar no aluguel e ir aumentando a poupança.

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Mas ter uma grande quantia para dar de entrada no financiamento ou mesmo pagar o imóvel à vista nem sempre significa que a aquisição ainda é o melhor negócio. Rocha dá um exemplo de compra desvantajosa: “Supondo que um comprador possua R$ 500 mil e aplique em investimentos conservadores com juro de 10% ao ano, teria R$ 50 mil de rendimento ao ano”, calcula. Mesmo com o Imposto de Renda, ele irá possuir uma renda mensal de R$ 3.020. “Com R$ 1.500, ele já consegue alugar um bom imóvel e ainda sobra um rendimento”, diz.

Segundo a última pesquisa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), em novembro, o aluguel de um apartamento de três dormitórios foi de, em média, R$ 1.537,69, na zona E da capital paulista, que inclui bairros como Paraíso, Pinheiros e Vila Mariana.

Fatores pessoais

Quem está na dúvida entre as duas opções ainda deve dimensionar a real necessidade de comprar determinados imóveis. “Vejo muitos recém-casados financiando imóveis maiores do que precisam porque pensam que a família vai crescer um dia”, exemplifica Rocha.

O recomendado, segundo o especialista, é pagar menos e poupar mais. “O casal poderia adquirir um imóvel menor em menos tempo. Em geral, os casais ainda demoram alguns anos para ter filhos. Quando isso ocorrer, eles podem já ter feito uma poupança e comprar um imóvel ainda maior do que o pensado anteriormente”, afirma.

Segundo especialistas, há ainda o erro de comprar um imóvel em um local distante. “O comprador compara o valor do aluguel com a prestação e vê que é possível financiar o bem, mas se esquece de levar em conta que o imóvel que cabe no bolso fica a 25 quilômetros do trabalho e ele terá outros gastos com transporte a partir da compra”, diz Rocha.

Renda

Nesses tempos de crise, outra questão importante e não comprometer grande parcela da renda com financiamentos. Atualmente, a família pode comprometer entre 25% e 30% da renda no pagamento mensal das parcelas. Para Rocha, porém, essa porcentagem deveria representar todos os financiamentos e não somente o imobiliário. “O pagamento do imóvel deve representar no máximo 20% da renda”, aconselha o professor do Ibmec São Paulo.

Ele ainda lembra que quem optar por financiar o imóvel deve depender o mínimo possível da renda de outras pessoas da família. “É difícil controlar os gastos que não são seus. Em um mês a pessoa pode se descontrolar e comprometer o pagamento”, diz.