quarta-feira, março 11, 2009

Ações de segunda e terceira linha ganham força

Além de apostas conservadoras em ações de primeira linha, como Petrobras, Vale e empresas de energia elétrica, sete das oito corretoras consultadas recomendam papéis de empresas de segunda e terceira linha, que antes apareciam menos entre as sugestões. Algumas dessas companhias ganham força por serem voltadas para o mercado interno que resiste melhor à crise do que as empresas exportadoras.

Entre as ações recomendadas, aparecem, como destaque, os papéis da concessionária de estradas CCR e da Perdigão, sugeridos por três corretoras. Em seguida, vem as ações da Redecard, com duas recomendações. Os papéis da Aços Villares, Lojas Americanas e Weg também aparecem nas carteiras das corretoras, com uma indicação cada.

“Historicamente, as ações de primeira linha se recuperam mais rápido quando o mercado começa a melhorar. Vimos bastante disso no início desse ano”, diz o analista da corretora Spinelli, Jayme Alves. “Para diminuir a volatilidade e o risco, no entanto, optamos por colocar empresas voltadas para o mercado interno, como a CCR”, completa.

“Dados da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) mostram moderada recuperação no tráfego de veículos nas rodovias que a CCR possui pedágios, especialmente de veículos leves”, aponta a equipe da corretora do HSBC, em relatório. Segundo a Spinelli, o volume de tráfego nas rodovias em que a CCR atua cresce entre 1,2 a 1,3 vezes o PIB.

A Ativa é uma das corretoras que recomenda ações da Perdigão, tendo inclusive aumentado o peso do papel na carteira em relação ao último mês. Em março, a ação representa 7,5% do composição da carteira contra 6,6% em fevereiro.

“Apesar da expectativa de resultados mais fracos no primeiro trimestre de 2009, em decorrência da queda de preços das carnes no mercado externo, acreditamos que a Perdigão deverá continuar a apresentar performance diferenciada em relação às demais empresas”, diz a equipe da corretora, em relatório. Segundo a Ativa, o setor possui características defensivas em momentos de crise, pois a carne de frango, devido ao menor preço, pode ser utilizada como substituta à carne bovina.

Para a corretora Planner, a empresa de alimentos é uma das sugestões com maior potencial de alta. De acordo com cálculos da corretora, a ação da Perdigão pode se valorizar pouco 121% até o fim do ano.

As ações da siderúrgica Aços Villares, que já haviam sido recomendadas em fevereiro, tiveram forte recuperação no último mês, de 8,08%. “Houve uma queda exagerada nos últimos meses, mas o papel está se recuperando”, diz a equipe da Win. Segundo o economista da corretora, José Góes, o papel da siderúrgica é uma aposta de small cap.

“No curto prazo, a receita da empresa deve sentir um pouco o recuo das vendas de automóveis, um de seus principais mercados. Sugerimos as ações para o longo prazo, pois a empresa possui múltiplos baixíssimos e baixo endividamento. Após o período turbulento, a companhia deve se recuperar”, analisa Góes. Ainda há a vantagem, segundo ele, de a empresa possuir um porcentual pequeno de ações negociadas na Bolsa (12,5%). “No futuro, a controladora pode querer comprar as ações do mercado, com um prêmio”, diz.

Vedetes de sempre

As ações da Petrobras aparecem nas oito carteiras recomendadas deste mês. “Ainda observamos uma situação instável o mercado, de medo dos investidores. Por isso, nem pensar em recomendar segunda e terceira linha por enquanto”, diz o diretor técnico da corretora Geral, Ivanor Torres. A Geral foi a única corretora a limitar-se a ações blue chips.

“As ações da petrolífera vêm apresentando um desempenho superior ao do Ibovespa, reflexo do fluxo positivo de entrada de capital estrangeiro e da ligeira recuperação do preço do petróleo, ainda muito voláteis”, diz a SLW. No ano até ontem (dia 5), as ações preferenciais da Petrobras avançaram 13,84% contra uma queda de 0,48% do Ibovespa.

Apesar de sugerir as ações da Petrobras, a Ativa reduziu a sua participação na carteira.
“Reduzimos a participação em commodities, em especial em Petrobras, basicamente em função da estimativa de divulgação de resultados ruins no quarto trimestre de 2008”, justifica. Para a Ativa, a petrolífera pode devolver os ganhos vistos nos últimos meses.

A terceira ação mais negociada da Bolsa, a da BM&F Bovespa, é recomendada pela Spinelli. “Por conta da unificação das operações e melhor mix de produtos, nesse ano, a companhia prevê uma queda de 24% os custos e, em 2010, a economia pode atingir 26%”, comenta a corretora. Contribui ainda para a indicação o fato de o papel já ter sido bem castigado. Em 2008, as ações recuaram 75,6%. Segundo a Spinelli, os papéis negociados no patamar de R$ 6 podem chegar a R$ 10,40.