quarta-feira, agosto 06, 2008

É hora de vender as ações de Vale e Petrobras?

Se os estrangeiros estão vendendo as ações da Vale e da Petrobras, é hora de o investidor brasileiro vender também? Se o horizonte de investimento for de médio a longo prazo, ou seja, mais de um ano, a resposta é não, concordam os analistas consultados para esta reportagem.

Antes de se desesperar, porém, vale lembrar que essas empresas acumulam, em 5 anos, um ganho extraordinário. Segundo a consultoria Economática, os papéis preferenciais da Petrobras tiveram uma elevação de 677,1%, enquanto a Vale obteve uma alta de 459,9%, já considerando as perdas de cerca de 22% até a sexta (25).

Por isso para melhor analisar esses dois papéis é necessário trabalhar com dois prazos distintos.

Curto prazo
No curto prazo a volatilidade deve se manter ainda por um tempo, por conta das dúvidas em relação ao desempenho da economia norte-americana e do recuo do preço das commodities, diz George Sanders, estrategista de renda variável da Infinity Asset Management.

Outro aspecto negativo no curto prazo, aponta Marco Saravalle, analista da Coinvalores, é o aumento da curva de juros, com a elevação da taxa básica, o que deve diminuir o interesse pela renda variável, diz.

Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, também concorda que no curto prazo a instabilidade deve continuar e que manter as ações vai depender da capacidade que o investidor tem de suportar as perdas. "Depende do estoque financeiro. O investidor deve impor um limite para sua perda, bem como para o ganho", ensina.

FGTS
No caso dos trabalhadores que investiram o Fundo de Garantia nestes papéis, Vieira lembra que estão com lucro assombroso de mais de 1.000%. "Só o que estas empresas pagam de dividendos já é superior ao rendimento do Fundo, por isso não aconselho a retirada", diz.

Para se ter uma idéia do acerto desse investimento, em cinco anos, os fundos FGTS renderam 1.071,87%. No mesmo período, o próprio FGTS pagou um rendimento de 54,78%; enquanto a poupança rendeu 94,45%. O Ibovespa teve alta de 223,12%, segundo dados da Coinvalores.

Médio e longo prazo
As turbulências de curto prazo não impedem que Vale e Petrobras continuem sendo papéis com ótimo potencial ótimo de alta, avalia George Sanders. "Tanto pelas prospecções de aumento da produção de petróleo quanto pelos reajustes que vêm sendo praticados com minério de ferro pela Vale, as duas empresas são escolhas essenciais", afirma.

Para Carlos Manoel Pereira de Souza, estrategista-chefe da Lopes Filho Consultoria de Investimentos, agora é hora de comprar esses papéis. "As perspectivas para ambas as empresas são muito boas", diz. "A expectativa para um desempenho futuro é excelente no caso da Petrobras."

Segundo o executivo, com a descoberta das novas bacias, a produção que atualmente é de 1,9 milhão de barris/dia deve passar a 4 milhões de barris/dia em 2015, se a empresa conseguir cumprir todos os investimentos programados. "Enquanto nos outros países o nível de reservas vem caindo, aqui no Brasil estão sendo descobertas novas áreas. A Petrobras é a empresa do século."

As ações da Vale também sofreram recentemente com uma colocação de ações que não foi feita num bom momento, diz Souza. "Ela pegou um tsunami e não quis suspender a emissão, mas saiu viva", explica o executivo, referindo-se ao momento de forte aversão ao risco em que foi feita a emissão de papéis pela Vale.

Por conta da forte queda das ações, o indicador Preço sobre Lucro (P/L) da empresa está em torno de seis, metade da média, o que, segundo Souza, é mais um fator positivo a indicar a compra, já que quanto mais baixo for o preço em relação ao lucro, mas rapidamente o acionista deve obter o retorno do investimento.

Além disso, diz Souza, a Vale como empresa só tem dado boas notícias. Planeja aumentar as exportações de minério e já tem a produção comprada até 2010. "Petrobras e Vale são os papéis que têm o maior potencial de crescimento no Brasil."

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